A abertura de capital da BB Seguridade é a mais esperada para 2013. O lançamento das ações da divisão do Banco do Brasil que concentra as atividades de seguros, previdência e capitalização deverá movimentar R$ 5 bilhões pelas estimativas dos banqueiros de investimento. A empresa já responde por 15% do faturamento do bancão estatal, disse Alexandre de Abreu, vice-presidente de negócios de varejo do Banco do Brasil, ao anunciar a nova companhia. Se a cifra for confirmada, será a sexta maior abertura de capital da história recente da bolsa, e representará bem mais do que os R$ 3,8 bilhões levantados em todo 2012. Não por acaso, a quase totalidade dos bancos de investimento do Brasil, dos gigantes internacionais às pequenas casas locais, está duelando por uma fatia desse negócio. 

 

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Schwartz (à Dir.) e Riechert: ex-executivos do Pactual compraram, neste ano,

a corretora Flow e a Geração Futuro

 

Na quinta-feira 20, a notícia que circulava pelos escritórios, não confirmada oficialmente, era que sete deles disputariam essa abertura. A maioria dos nomes é bastante conhecida. Além dos americanos Citigroup e JP Morgan Chase, cinco brasileiros batem ponto. São eles: o próprio BB, o Bradesco, o Itaú BBA e o BTG Pactual – além do Banco Brasil Plural. Quem? Ainda pouco conhecido, o Brasil Plural iniciou suas atividades em julho de 2011. A instituição financeira surgiu como uma gestora de recursos, criada por Rodolfo Riechert e André Schwartz, dois executivos cariocas que começaram suas carreiras no banco Pactual. 

 

A meta, após saírem do banco de André Esteves, era transformar o Plural em uma empresa com atuação diversificada, oposta ao estigma dos pequenos e médios bancos, que só atuam em um ou dois nichos de mercado. Atualmente, as atividades incluem negócios tradicionais de banco de investimentos, como participação em aberturas de capital e em fusões e aquisições. Elas passam, também, por gestão de recursos, distribuição de produtos financeiros no varejo, resseguros, securitização imobiliária, por uma corretora nos Estados Unidos e até por uma empresa de participação em shopping centers. O crescimento é tanto orgânico – como na área de securitização imobiliária – quanto por aquisições. 

 

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Alexandre de Abreu, vice-presidente do Banco do Brasil: abertura

de capital da BB Seguridade deve ser o negócio mais disputado

no mercado em 2013

 

Exemplos disso são as duas aquisições realizadas pelo Plural desde seu lançamento. A primeira foi da corretora carioca Flow, criada por Jorge Felipe Lehman, filho do banqueiro Jorge Paulo Lehman, fundador do finado Banco Garantia, um dos donos da Inbev e dono da maior fortuna do Brasil, de acordo com a revista americana Forbes. Antes da aquisição, a Flow operava como uma corretora de desconto, competindo com base em preço. Atualmente, seu foco é operar como formadora de mercado de empresas como OGX e Oi, garantindo liquidez para suas ações. “A Flow era a corretora número 60 em negócios antes da aquisição, e atualmente está entre as 20 mais ativas da bolsa”, diz Schwartz. 

 

A segunda aquisição foi a de outra corretora e administradora de fundos, a Geração Futuro. Criação do falecido gestor paulista Edmundo Valadão, a Geração Futuro era a líder em clubes de investimento e possui uma boa estrutura de distribuição que usava apenas para vender seus próprios produtos financeiros. Somados, os fundos da Geração e os da gestora Plural somam R$ 10 bilhões, o que coloca o banco entre as 30 maiores casas administradoras de recursos do País. A partir da aquisição, que foi fechada em maio de 2012 e que deverá ser formalmente autorizada pelo Banco Central, no primeiro trimestre de 2013, a estratégia vai mudar. 

 

“Vamos distribuir outros fundos e produtos de previdência para um cliente de poder aquisitivo elevado”, diz Riechert. A meta é ampliar, até 2014, o número de escritórios dos três atuais para dez e elevar o número de clientes ativos de 60 mil para 200 mil. Para sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo, o Brasil Plural – ainda uma empresa pequena, com 400 empregados e receitas da ordem de R$ 600 milhões previstas para 2012 – aposta na diferenciação em relação à concorrência. “Queremos fazer as operações que ninguém mais faz”, diz Riechert.

 

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