O BNDES, ao longo dos últimos anos, ajudou no processo de consolidação e de criação de grandes empresas nacionais. Investiu dinheiro na formação da Brasil Foods, fusão da Sadia com a Perdigão, e ajudou a criar a supertele brasileira Oi, união da Telemar e Brasil Telecom, que está prestes a ter a portuguesa Portugal Telecom como maior sócia individual. 

 

Não foi diferente no setor lácteo. Depois de capitalizar empresas como Nilza e Bom Gosto, que canibalizaram o mercado com a venda de leite barato (e colocaram em crise companhias como Parmalat e LeitBom), o banco comandado por Luciano Coutinho está preparando um novo resgate.

 

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Luciano Coutinho: depois de capitalizar Nilza e Bom Gosto, o 
BNDES deve fazer mais uma operação de socorro no setor de laticínios 

 

De acordo com informações do mercado, estão avançadas as negociações entre a GP Investimentos e o laticínio Bom Gosto, que criará uma empresa com capacidade de captação de dois bilhões de litros de leite por ano. 

 

Dentro do acordo, a Monticiano, dona da marca LeitBom e que pertence à GP, ficaria com 40% da nova empresa. O BNDESPar – que tem 34,6% da Bom Gosto – conseguiria manter 35%, mas teria que fazer um novo aporte estimado em até R$ 600 milhões. A Bom Gosto e a Nilza seriam donas de 25% da companhia. 

 

A nova empresa será comandada pela GP e a principal marca será a Parmalat. “É preciso tomar muito cuidado com essas questões porque acaba sobrando para o produtor”, afirma Jorge Rubez, presidente da LeiteBrasil, associação que representa os produtores de leite. “Se for para sanar os problemas, parabéns. Mas, se for para pegar dinheiro do BNDES e falir daqui a pouco, não dá.” 

 

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Esse é mais um capítulo do processo de consolidação do setor lácteo brasileiro. Em março deste ano, a GP Investimentos fechou acordo com a Laep Investments, do empresário Marcus Elias, que detinha a marca Parmalat. 

 

A união agora com a Bom Gosto faria surgir uma empresa capaz de ameaçar a liderança da Nestlé, que tem como principal marca a Ninho, no mercado brasileiro. 

 

A gaúcha Bom Gosto conseguiu crescer nos últimos anos com o apoio do BNDES. Uma das táticas usadas pela companhia foram as aquisições. Nos últimos três anos, comprou sete companhias. 

 

Mas essa estratégia agressiva, que fez o faturamento crescer, elevou também o endividamento da empresa, que chegou a R$ 347 milhões em 2009, um aumento de 133%.