Uma conversa com Samir Iásbeck, 33 anos, pode ter um “Q” estranho. É que o empreendedor mineiro, criador do jogo eletrônico de perguntas e respostas Qranio, faz questão de trocar as letras “K” e “C” por “Q” em textos. Mesmo em e-mails formais, a mania, adotada também oficialmente no marketing da empresa, se faz presente. “Durmo e sonho com o projeto”, diz Iásbeck, raramente visto sem as camisetas coloridas do Qranio. A obsessão está levando seu game longe. De Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais, onde foi fundada, em 2011, a empresa já abriu operação em Portugal através de uma parceria com a operadora Portugal Telecom.

A empresa mineira agora se prepara para lançar seu aplicativo na China através de um convênio com a China Mobile, maior operadora do Oriente. O acordo com os chineses permitirá à startup brasileira ter também uma equipe comercial em Cingapura e parceria para criar uma interface adequada à cultura local. Nesses países, a receita do jogo é dividida entre o Qranio e as operadoras. Se o jogo for lançado no mercado chinês em novembro, conforme a meta, a projeção de faturamento do Qranio será de R$ 10 milhões para neste ano.

Para ganhar dinheiro, Iásbeck oferece vantagens a quem quiser desembolsar uma pequena quantia de dinheiro para superar as perguntas de cinco alternativas. No caso do Qranio, trata-se de ofertas para pular questões ou eliminar alternativas incorretas. Há também um modo de jogo premium, que aumenta o ganho da moeda virtual Qi$ recebida a cada acerto e que posteriormente pode ser trocada por prêmios reais, que variam de cupons de desconto a jantares em restaurantes. Outra fonte de receita é uma modalidade paga via SMS do game. Para completar, o Qranio obtém receita com venda de anúncios e desenvolvimento de jogos sob medida para empresas, como a rede de fast-food Bob’s, e clubes de futebol, como Flamengo e Cruzeiro.

Em 2012, o Qranio recebeu investimento da Wayra Brasil, aceleradora do grupo espanhol Telefônica. A dona da Vivo detém 8% da empresa. O primeiro aporte foi feito pelo investidor-anjo Luiz Guilherme “Gui” Affonso. Suas filhas, Ana Paula, 23 anos, e Ana Luiza, 28, passaram a trabalhar na empresa do pai como CFO e COO no começo deste ano. Segundo Iásbeck, as principais decisões do Qranio são tomadas pelo trio. “Passamos o dia conectados no Skype e no WhatsApp”, disse o fundador da empresa. No total, a startup conta ter recebido R$ 3,5 milhões em investimento, sendo R$ 2,7 milhões de Affonso. O Qranio diz ter 1,1 milhão de usuários em 132 países, 90% deles no Brasil.