Três empresas diferentes. Uma delas é líder em seu mercado, faturou R$ 98,5 bilhões, no ano passado e, apesar da crise, conseguiu embolsar mais de R$ 1 bilhão de lucro. Outra tem décadas de experiência, competência reconhecida internacionalmente, e uma taxa de retorno elevada. A terceira, ainda em formação, terá a exclusividade dos negócios na quarta maior rede de agências bancárias nacionais. Só esses fatos seriam suficientes para aguçar, se não o apetite, ao menos a curiosidade do investidor. A BR Distribuidora, com sua rede de 7.391 postos de serviços, a maior do Brasil, prepara sua abertura de capital. A Petrobras,  sua controladora, confirmou formalmente o início do processo no dia 6 de agosto. Na segunda-feira 24 e na terça-feira 25, IRB Brasil Resseguros e Caixa Seguridade registraram, respectivamente, seus prospectos preliminares na Comissão de Valores Mobiliários. 

A justificativa para esse processo é a necessidade de o governo fazer caixa, e essa necessidade pode criar a oportunidade de o investidor participar de negócios únicos. Só para comparar, em 2013, um ano fraco em IPOs, a abertura de capital da BB Seguridade movimentou RR 11 bilhões e a demanda pelas ações superou fartamente a oferta. “Os investidores estavam esperando comprar uma empresa que poderia explorar, em situação de monopólio, o enorme balcão da rede do Banco do Brasil”, diz o analista independente Clodoir Vieira. “A situação com a Caixa Seguridade é igual e, mesmo que os setores sejam diferentes, esse raciocínio vale também para o IRB e para a BR.” Prova do interesse existente é que a Par Corretora, empresa de corretagem de seguros vinculada à Caixa, captou R$ 602 milhões em um dos dois IPOs. Vieira adverte, porém, que é preciso aguardar o preço de oferta antes de recomendar a participação ou não no processo.

Os números impressionam. As estimativas do mercado são de que Caixa Seguridade e IRB Brasil levantem, juntos, R$ 13,5 bilhões. No caso do IRB, a empresa presidida por José Carlos Cardoso tem números pujantes para mostrar. A resseguradora usufruiu durante décadas de um monopólio no Brasil, até ser quebrado em 2008. Desde então, o IRB não apenas conseguiu sobreviver à competição, mas vem ganhando participação de mercado e exibindo bons resultados. Para um faturamento de R$ 2,75 bilhões, em 2014, a resseguradora lucrou R$ 601 milhões, ou uma margem de quase 22%. “E a empresa está ampliando sua atuação internacional, em mercados pouco explorados como América Latina e África”, diz um executivo.

Já a abertura de capital da BR Distribuidora pode figurar entre as maiores dos últimos anos, superando a casa da dezena de bilhão de reais. O recorde nacional ainda pertence à sua controladora, que captou R$ 120 bilhões, em setembro de 2010. Não deverá ser, no entanto, um processo tranqüilo.  Essa divisão da Petrobras esteve bastante próxima do núcleo de malfeitorias revelado pelas investigações da Lava Jato. Prova disso é que, na quinta-feira 27, o Conselho de Administração da estatal contemplou a hipótese de adiar o processo para 2016 devido às condições adversas de mercado e à necessidade de encontrar um executivo para substituir José Lima de Andrade Neto, atual CEO da distribuidora.