O cantor Elvis Presley e os atores James Dean, Steve McQueen e Marlon Brando eternizaram a figura do mocinho sobre duas rodas nas telas de cinema nas décadas de 1950 e 1960. Mais recentemente, Tom Cruise protagonizou cenas de ação montado em uma moto na franquia hollywoodiana Missão Impossível. O que une esses personagens de diversas gerações é que eles estavam pilotando um modelo da inglesa Triumph. Após 110 anos de história nas ruas e estradas no mundo todo, a marca resolveu voltar com tudo para o Brasil, depois de encerrar sua parceria com o grupo Izzo, em 2010, que a representava no País. 

 

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Moto do rei: na comédia musical Joe é muito vivo de 1968, Elvis Presley aparece

a bordo de uma Triumph

 

A companhia investiu R$ 19 milhões na construção de uma fábrica em Manaus, em um centro de distribuição em Louveira, no interior de São Paulo, e na abertura de uma rede com 12 concessionárias. “Graças ao aumento da renda, o brasileiro está comprando motos mais potentes”, afirma Marcelo Silva, gerente-geral da marca no Brasil. Com os investimentos, a fabricante de motocicletas premium quer vender duas mil unidades, já no primeiro ano de operação própria no Brasil. Em 2015, a meta é comercializar quatro mil motos por ano e colocar o País entre seus principais mercados, ao lado dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França. Para ganhar espaço no mercado brasileiro, a estratégia é diferente de suas rivais de luxo que também decidiram fabricar suas motos no País. 

 

A alemã BMW ou a italiana Ducati, por exemplo, fizeram parceria com a brasileira Dafra, que também tem fábrica em Manaus. O sistema de produção, no entanto, será o mesmo, em CKD, no qual os componentes vêm prontos da matriz para a montagem do produto. Com os incentivos da Zona Franca de Manaus, o preço dos modelos produzidos por aqui será reduzido em 15%, na comparação com a importação. “Isso permite ter um preço compatível com a concorrência”, diz Silva. Entre os três modelos que começaram a ser produzidos em outubro, um deles terá a função de resgatar o passado da marca. A Boneville, que será vendida a partir de R$ 29,9 mil, é fabricada desde 1959 e ficou conhecida como a moto que Steve McQueen, no filme Fugindo do Inferno, de 1963, usa para pular uma cerca. 

 

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Metas: Paul Stroud, diretor mundial de vendas e marketing (à esq.),

e Marcelo Silva, gerente-geral no Brasil, esperam vender 2 mil motos em 2013

 

Além das motocicletas, a Triumph vai trazer para o País sua linha de acessórios e roupas. Silva afirma também que os esforços para manter a fidelidade dos consumidores locais devem se concentrar no atendimento de venda e no pós-venda. “Preciso manter o mesmo nível conquistado nas pesquisas com os consumidores pelo mundo”, diz o executivo. O levantamento com os donos de motocicletas da Triumph mostra que 83% recomendariam um modelo da marca e 91% têm interesse em trocar a sua por uma nova moto da marca inglesa. A própria história da Triumph já valeria um filme estrelado por alguns dos atores que já aceleraram suas bólides no cinema. Fundada em 1902, a empresa faliu diversas vezes. Ao longo do tempo, passou pelas mãos de diversos investidores e, na última década, sofreu um incêndio que destruiu toda a fábrica em Hinckley, na Inglaterra. 

 

A marca, contudo, resistiu ao tempo. Desde 2000, seu faturamento cresceu 140%, atingindo R$ 1,1 bilhão no ano passado. “Ampliamos o número de modelos de seis, em 2003, para 23, neste ano”, diz o diretor mundial de vendas e marketing, Paul Stroud. “Entramos em novos mercados e, por isso, crescemos.” O interesse da companhia inglesa em retornar ao País fica mais claro com os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo). Segundo a entidade, as vendas de motos acima de 500 cilindradas cresceram 16,5% de janeiro a setembro deste ano, enquanto as de baixa cilindrada devem registrar queda de 15% em 2012. “O mercado é pequeno, ainda, mas tende a crescer”, diz Silva.

 

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