O tempero brasileiro na lista dos bilionários do mundo dos negócios, publicada anualmente pela revista americana Forbes, ganhou um dedo de acréscimo neste ano. Para ser exato, de 20% em relação a 2010, quando foram contabilizados 30 brasileiros com fortuna superior a US$ 1 bilhão. Segundo o ranking, divulgado na quarta-feira 7, o País conta com 36 bilionários. Eike Batista, dono do grupo EBX, mais uma vez é o mais rico dessa turma, com estimados US$ 30 bilhões. Globalmente, chegou à sétima posição, um degrau a mais do que em 2011. A lista de bilionários, liderada pela terceira vez consecutiva pelo mexicano Carlos Slim, é composta de 1.226 nomes, cujos patrimônios são estimados em US$ 4,6 trilhões, quase duas vezes o PIB do Brasil. 

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Já os endinheirados locais somam US$ 148,3 bilhões, cifra que supera as vendas da Petrobras, em 2011. Trata-se de um espécie em franca expansão: em apenas dois anos, o número de brasileiros com mais de US$ 1 bilhão dobrou, passando de 18 para 36 integrantes. “O real fortalecido diante do dólar ajuda mais brasileiros a entrar na relação”, afirmou à DINHEIRO Lírio Parisotto, fundador da Videolar e sócio da corretora Geração Futuro, que pela primeira vez aparece nesse seleto clube, com uma fortuna calculada em US$ 1,4 bilhão. “Mas o mais importante para o País é que sejam reconhecidos os empreendedores e quem gera negócios.”

 

Dos seis novos integrantes brasileiros, apenas o gaúcho Parisotto tem parte de sua fortuna atual multiplicada por meio da atividade no setor financeiro. Trata-se de uma mudança significativa em relação aos rankings anteriores. No passado recente, a lista de brasileiros era quase formada por um grupo exclusivo de donos de bancos comerciais, como os irmãos Joseph e Moise Safra (Safra) e os herdeiros das famílias Villela e Moreira Salles (Itaú Unibanco) e Aguiar (Bradesco). Todos eles permanecem bem colocados no ranking, assim como grandes banqueiros de investimentos, incluindo André Esteves, do BTG Pactual, e os fundadores do Garantia e hoje acionistas da cervejaria AB Inbev, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. 

 

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Essa turma fez seu patrimônio no eixo Rio-São Paulo, onde se concentrava a riqueza do País. O novo elenco de bilionários brasileiros é mais eclético, com empresários que geraram suas riquezas majoritariamente fora do Sudeste e apostaram na expansão do consumo, em especial da classe C. Tome como exemplo o empresário cearense Francisco Ivens de Sá Dias Branco, 77 anos, controlador e presidente da fabricante de massas e biscoitos M. Dias Branco. Ele aparece pela primeira vez no ranking, já ocupando a nona posição entre os bilionários brasileiros, com uma fortuna estimada em US$ 3,8 bilhões. “Para mim, foi uma surpresa agradável, o que mostra estar correta a nossa maneira de trabalhar”, afirmou Dias Branco. 

 

Ele se beneficiou do aumento de 19,25% das ações da empresa fundada por seu pai, o português Manuel Dias Branco, e na qual trabalha desde os anos 1950. Ele possui ainda investimentos imobiliários no Ceará, que somam US$ 1 bilhão. O Nordeste conseguiu emplacar dois nomes na lista da Forbes. Além de Dias Branco, Nevaldo Rocha, 83 anos, o fundador do grupo potiguar Guararapes, dono da rede de vestuário Riachuelo, passou a figurar no ranking na 491a posição do ranking global, com uma fortuna de US$ 2,5 bilhões. “Esse é um sinal de descentralização da riqueza no Brasil”, afirma Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e filho de Nevaldo. 

 

Segundo Rocha, muitas das novas fortunas brasileiras foram construídas por quem apostou na classe média emergente. É o que fez o mineiro Rubens Menin, da construtora MRV,  que amealhou bens avaliados em US$ 1,8 bilhão. “Trabalhamos para a massa, construindo 50 mil apartamentos ao ano”, diz. O novo elenco de ricaços conta ainda com José Isaac Peres, dono da Multiplan, a segunda maior empresa de construção e administração de shopping centers, e com Antonio José Carneiro, mais conhecido como Bode, fundador do antigo banco Multiplic, hoje um dos principais investidores da Energisa, grupo que possui cinco distribuidoras de energia.

 

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O condomínio dos endinheirados

 

O edifício do número 834 da Quinta Avenida, em Nova York, é uma espécie de clube dos bilionários. No suntuoso prédio próximo ao Central Park vivem quatro ilustres  moradores: o magnata australiano, naturalizado americano, da mídia Rupert Murdoch, os americanos legítimos Alfred Taubman, dono da construtora de shopping centers Taubman, Charles Schwab, fundador da corretora que leva o seu nome, e Robert Bass, da companhia de petróleo Bass Enterprises. Bass se mudou para o 12º andar do condomínio – dois andares abaixo do triplex de Murdoch – na semana passada. Ele pagou US$ 42 milhões pela unidade.

 

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Rico lar: quatro moradores somam fortuna de US$ 16 bilhões.

 

Murdoch é o morador mais rico, com uma fortuna de US$ 8,3 bilhões. Ele comprou a cobertura de Laurence Rockefeller, neto do mítico John D. Rockefeller, fundador da Standard Oil, por US$ 44 milhões, em 2005. Em seguida vem o recém-chegado Bass, com US$ 3,6 bilhões. Schwab tem US$ 3,5 bilhões e mudou-se para lá em 2010. O mais modesto deles é Taubman, dono de uma fortuna de US$ 2,5 bilhões. O prédio foi projetado pelo arquiteto italiano Rosário Candela. O condomínio dos bilionários ficou pronto pouco antes da crise de 1929. Laurence Rockefeller comprou o edifício em 1946 e morou nos andares superiores, onde hoje vive Murdoch.

 

 

Colaborou: Marcio Orsolini