26/09/2012 - 21:00
O regente da queda dos juros
O Brasil perdeu neste ano a dianteira em um ranking que só trazia prejuízos à economia brasileira: a liderança mundial dos juros altos. Com as contas públicas em ordem, a inflação controlada e a economia com crescimento fraco, a presidenta Dilma Rousseff decidiu atacar aquele que durante décadas foi um dos principais motivos de reclamação dos empresários: o elevado custo do dinheiro para investimentos. Coube ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reger o processo de redução. A taxa básica caiu durante nove reuniões consecutivas, passando de 12,5%, em agosto de 2011, para 7,5%, 12 meses depois. O Banco do Brasil e a Caixa lideraram o processo de redução dos spreads bancários. Com uma forte ofensiva de marketing, os bancos públicos ganharam participação de mercado e levaram os concorrentes a se mexer, como Bradesco, Itaú e Santander. Entre janeiro e junho, o spread nos empréstimos para pessoa física passou de 34,9% para 28,4% e o de pessoa jurídica diminuiu de 18,5% para 16%.
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central: ”A redução do spread
dos bancos ainda está no início”
Duro de curtir
O empresário americano Mark Zuckerberg é considerado por muitos o sucessor de Steve Jobs, fundador da Apple. Afinal, seu Facebook se aproxima de ter 1 bilhão de usuários compartilhando conteúdo, fotos e curtindo adoidado. Mas, a julgar pela sua abertura de capital, Zuckerberg derrapou no seu primeiro teste com o mercado. Desde maio, quando foi feito o IPO, o valor das ações já caiu quase pela metade.
A executiva mais poderosa do Brasil
No dia 13 de fevereiro, a engenheira química Maria das Graças Foster, 58 anos, mais conhecida como Graça Foster, tornou-se a primeira mulher a ocupar a presidência da Petrobras, maior empresa da América Latina. Pessoa de confiança da presidenta Dilma Rousseff, Graça é considerada uma técnica competente e rigorosa. Ela assumiu com a missão de tirar do papel o plano de investimentos de US$ 236,5 bilhões até 2016. A meta é triplicar a produção atual e chegar a 6,4 milhões de barris por dia em 2020. Mas há desafios. No segundo trimestre, a Petrobras registrou prejuízo de R$ 1,3 bilhão, pior resultado desde 1999, fruto do descompasso entre os preços internacionais do petróleo e derivados e os praticados no Brasil. Graça não está jogando para debaixo do tapete os problemas da estatal: revisou a estimativa de produção de petróleo e cortou projetos. O mercado tem aplaudido a transparência da nova executiva.
O dia em que Eike encolheu
Homem mais rico do Brasil, o empresário Eike Batista ficou R$ 5 bilhões mais pobre em junho. As ações da empresa de petróleo OGX, a maior do grupo, despencaram com a admissão de que a produção de petróleo seria muito abaixo das expectativas. Neste ano, a OGX encolheu R$ 23 bilhões em valor de mercado, mais da metade do que valia no começo deste ano.
A “privatização” de Dilma
O Brasil começou a modernizar sua defasada infraestrutura de transportes, que reduz a rentabilidade e competitividade da produção do País. Diante da constatação de que o governo não tem recursos, a saída foi conceder alguns serviços à iniciativa privada. Isso já foi feito com os aeroportos de Cumbica, em São Paulo, Viracopos, em Campinas, e Brasília, no Distrito Federal.
O governo criou também uma nova superestatal, a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), comandada por Bernardo Figueiredo, para coordenar as concessões na área de ferrovias, rodovias e portos. O presidente da EPL tem nas mãos um pacote de R$ 133 bilhões em obras que serão concedidas à iniciativa privada ou executadas em parceria com o governo.
O rei do consignado
O Itaú, comandado por Roberto Setubal, se associou ao BMG e criou o BMG Itaú. A meta é atingir, até 2015, uma carteira de R$ 12 bilhões em empréstimos consignados.
O retorno
Depois de comandar o Banco Central, Henrique Meirelles volta ao mercado no conselho consultivo da J&F, que controla o JBS.
Corrida dos investimentos
Nos 15 anos da DINHEIRO, a aplicação mais rentável é o CDI, que multiplicou seu valor em dez vezes.
Entrevista do ano
“Dilma não vai aumentar a carga tributária”
O empresário Jorge Gerdau, coordenador da Câmara de Gestão e Planejamento do governo, fala sobre a competitividade brasileira:
Em que consiste a sua proposta de reforma tributária?
Há muito tempo o setor siderúrgico tem uma preocupação grande com a questão da competitividade, e um dos temas é o problema dos impostos cumulativos. Estamos propondo que se estabeleça no PIS/Cofins essa metodologia de se gerar créditos em cada etapa na cadeia de um determinado produto.
Qual foi a reação da presidenta Dilma?
Graças a Deus, ela está começando a trabalhar firmemente sobre esse tema.
Mas o empresário não pode receber mal, já que vai haver aumento do PIS/Cofins?
A presidenta Dilma não vai aumentar a carga tributária.
O empresário tem de ficar atento?
O empresário, o Congresso e a sociedade precisam ficar vigilantes. A filosofia e a tentação de se aumentar a carga tributária existe historicamente no País.