26/09/2012 - 21:00
Um ano de fúria no mundo desenvolvido
Onze anos após a sua criação, o euro correu sérios riscos de não sobreviver, em 2011. A crise que parecia ter sido amenizada voltou com força e atingiu em cheio os países mais fragilizados da União Europeia. O ano foi marcado pela incapacidade dos líderes das grandes economias – Alemanha e França, principalmente – de chegar a um acordo em torno de medidas para promover o crescimento e reduzir a enorme dívida pública da maior parte dos países do bloco, resultante das políticas de estímulo dos anos anteriores. O primeiro a cair foi a Grécia. Com uma dívida que chegou a 180% do PIB neste ano, o país já recebeu € 240 bilhões em dois pacotes de ajuda, mas as reformas impopulares derrubaram o governo. A fuga de investidores também atingiu outros países. República da Irlanda e Portugal foram socorridos pelo FMI. A Espanha, em apuros, adotou uma rígida política de cortes de custos. O colapso foi evitado, mas a zona do euro cresceu apenas 1,4% no ano passado e caminha para uma recessão de 0,3% neste ano. Nos Estados Unidos, a falta de um acordo político bipartidário quase levou o país a dar o calote dos seus títulos, os mais seguros do mundo.
Protesto: manifestam ateiam fogo em símbolo do euro em frente ao Banco Central Europeu,
em Frankfurt, na Alemanha
A revolta dos 99%
Milhares de manifestantes ocuparam o Zuccotti Park, no sul de Manhattan, empunhando bandeiras com os dizeres “Somos os 99%”. O Occupy Wall Street se espalhou pelo mundo e chegou a 82 países, inclusive ao Brasil, em protestos contra o sistema financeiro. O movimento teve seu ápice nos dois primeiros meses. Um ano depois, apenas 600 pessoas participaram do primeiro aniversário do movimento, em Nova York.
Dá para tomar um chope antes?
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, carregou, literalmente, a Europa nas costas. Ela foi a voz firme e dura na tentativa de resgatar a frágil moeda europeia. Por conta disso, firmou-se como a guardiã da austeridade fiscal na União Europeia, exigindo dos países mais endividados pesados ajustes. Merkel admite que o corte de gastos públicos pode aprofundar a recessão em alguns países, mas defende que este deve ser o caminho a ser tomado.
O fim do “bunga-bunga”
A renúncia festiva do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, em novembro, era aguardada pelos italianos e pelo mercado, que o consideravam inepto para gerir a crise e pagar uma dívida pública de 121% do PIB do país.
Adieu, Sarko!
O desemprego de 10% e a bandeira da austeridade fiscal custaram a reeleição do presidente francês Nicolas Sarkozy, o 11º líder europeu a deixar o poder, em maio deste ano, e marcou a volta dos socialistas ao Palácio do Eliseu, depois de quase 20 anos.
Plano inócuo
O primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero adotou reformas, elevou impostos e cortou gastos públicos para combater a profunda crise da Espanha. Sem sucesso. Deixou o cargo com a taxa de desemprego em 21%.
O efeito tsunami
O tremor de 8,9 graus na escala Richter, o maior do Japão em mais de três séculos, desencadeou um tsunami que varreu a costa nordeste do país e explosão na usina nuclear de Fukushima.
Fabricantes do setor automotivo, como Toyota e Nissan, paralisaram a produção, inclusive nas unidades no Brasil, devido à falta de peças e componentes. Gigantes do setor eletrônico, como a Hitachi, também pararam e houve escassez de chips. O PIB japonês recuou 2%, no trimestre, sob os efeitos do terremoto.
O eleito de Jobs
O americano Tim Cook sucedeu Steve Jobs, na Apple, morto em agosto de 2011. Sob seu comando, as ações dobraram de valor e A Apple caminha para ser a primeira da história com valor de US$ 1 trilhão.
Novo capitão na Vale
O mineiro Murilo Ferreira assumiu o comando da Vale no lugar de Roger Agnelli, desgastado em sua relação com o governo. Herdou vários problemas, como dívidas tributárias.
Sexo e poder no FMI
O diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, era um dos homens mais poderosos do mundo, até ser preso em 14 de maio, acusado de estupro por uma camareira, num hotel em Nova York. Era também o favorito nas eleições presidenciais francesas, no ano seguinte, vencidas por seu correligionário socialista François Hollande. Com o escândalo, DSK, como era conhecido, não só perdeu o cargo no FMI e a candidatura presidencial como levou o cartão vermelho da mulher, a milionária jornalista Anne Sinclair.
Corrida dos investimentos
No 14º ano da DINHEIRO, a bolsa volta ao patamar de 2007. O ouro arranca com o nervosismo internacional.
Entrevista do ano
“O problema é que a gente é de Goiás”
O empresário goiano Joesley Batista, presidente da holding de investimentos J&F, fala sobre a diversificação do grupo:
Qual é o limite para a expansão do grupo?
Alguém disse que a gente vai ser a Unilever brasileira. É nessa linha mesmo. A gente acha que vai conseguir construir uma empresa de marca, de bens de consumo, tão relevante quanto a JBS na área de carnes.
Mas a experiência do JBS com uma empresa de marca, a Vigor, não parece muito boa.
A Vigor é o meu menor problema, mas acho uma injustiça você fazer essa pergunta.
Por que as ações do JBS têm sido castigadas?
Eu me abstenho de falar. O que cabe a nós é seguir nossas convicções e continuar investindo. A gente já passou por tanta crise, né? A gente não é uma empresa que nasceu ontem. O problema é que a gente não é de São Paulo. A gente é de Goiás.