26/09/2012 - 21:00
Criador e criatura
A mineira Dilma Rousseff, ao longo de sua trajetória, teve de superar estereótipos. Militante da esquerda revolucionária, foi presa e torturada, na década de 1970. Reconstruiu sua vida, concluindo o curso de economia e deixando para trás a figura de guerrilheira. Na campanha presidencial, adversários maldosos a comparavam a um poste – estavam errados. Escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser a candidata do PT, ela venceu a disputa com 55 milhões de votos, tornando-se a primeira mulher a assumir a Presidência do Brasil.
Dilma Rousseff, em seu discurso de posse em 1o de janeiro de 2011: “Serei rígida na defesa
do interesse público. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito”
Pouco mais de um ano depois de subir a rampa do Palácio do Planalto, Dilma atingiu a histórica marca de 77% de aprovação, índice superior até mesmo ao de Lula. Pragmática e de temperamento forte, ela fez do combate à corrupção e do estímulo ao crescimento econômico as principais marcas do início de seu governo. Em 20 meses, demitiu 11 ministros, muitos deles acusados de corrupção. Incluída nas listas de pessoas mais poderosas do planeta, Dilma é conhecida por cobrar duramente resultados de seus auxiliares. Em 2012, ao perceber a ineficácia de medidas de estímulo ao consumo para reativar a economia diante da crise na Europa, a presidenta resolveu mudar a estratégia e agora quer aumentar a competitividade da economia brasileira, atacando os maiores vilões do chamado custo Brasil, e incentivar investimentos produtivos. Mal chegou e já faz história.
Baú sem fundo
Terminou em escândalo a aventura do apresentador Silvio Santos no ramo financeiro. A quebra do banco PanAmericano, derrubado por uma fraude de R$ 4,3 bilhões, rendeu denúncias criminais à Justiça contra 17 ex-diretores e funcionários, incluindo Luiz Sebastião Sandoval, braço direito do apresentador por quatro décadas. Silvio Santos saiu do episódio com o restante de seu patrimônio intacto. o prejuízo foi assumido pelo Fundo Garantidor de Crédito, que depois vendeu o Panamericano ao BTG Pactual. A situação de pré-insolvência aprofundou os problemas de sobrevivência dos bancos médios. Em 2012, o banco Cruzeiro do Sul foi liquidado. Dessa vez, não houve compradores interessados.
A bola da vez
O Brasil experimentou o gostinho do crescimento chinês em 2010. No primeiro trimestre, o PIB do País cresceu a um ritmo anualizado de 9%. “Vivemos um momento de ouro”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ano terminou com a maior taxa de expansão da economia em 25 anos: 7,5%. O mundo dos negócios fervilhou: foram mais de 140 fusões e aquisições, com valor recorde de R$ 185 bilhões. O crescimento do consumo interno fez o Brasil aumentar de importância para as multinacionais, passando a ser considerado a “bola da vez” da economia mundial. Uma operação emblemática foi a criação da Raízen, que integrou a gigante do etanol Cosan, do empresário Rubens Ometto, com a petroleira Shell. A nova empresa nasceu com valor estimado de US$ 12 bilhões.
Nunca antes na história
A discussão demorou e foi cercada de polêmica, mas a Petrobras conseguiu fazer, em 2010, a maior oferta de ações da história, captando R$ 120 bilhões dos investidores para financiar a exploração do petróleo na camada pré-sal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (acima, ao centro) tocou a campainha na Bolsa de Valores de São Paulo. “O pré-sal é bilhete premiado que não pode ser desperdiçado”, afirmou Lula.
Cerveja e hambúrguer
Conhecido por seus hábitos frugais à mesa, o empresário Jorge Paulo Lemann tem um apetite pantagruélico no mundo dos negócios. Um dos sócios brasileiros da belga InBev, o empresário, por meio de seu fundo 3G, comprou o Burger King, segunda maior cadeia de fast-food dos EUA, por US$ 3,3 bilhões
Big compra
O Marfrig, de Marcos Molina, comprou a empresa americana Keystone Foods por US$ 1,3 bilhão, tornando-se o maior fornecedor global do McDonald’s
Nas asas da Latam
A fusão entre a brasileira TAM, da família Amaro, e a chilena Lan, do clã Cueto, criou a Latam, maior empresa em transporte aéreo da América Latina.
A nova companhia aérea, que transporta anualmente 60 milhões de passageiros e vale US$ 12 bilhões, é a segunda empresa do setor mais valiosa no mundo, atrás apenas da Air China, segundo pesquisa da consultoria Bain & Company.
Corrida dos investimentos
No 13o ano da DINHEIRO, o bom momento econômico do País e de suas empresas faz a bolsa disparar.
Entrevista do ano
“Os empresários ainda não enxergam o novo Brasil”
O empresário Benjamin Steinbruch, dono da siderúrgica CSN, falou sobre o bom momento da economia:
Como o sr. enxerga a economia brasileira?
O momento é excepcional, com uma convergência de fatores positivos, internos e externos. Esta é a primeira vez que a minha geração tem a possibilidade de saber o que é crescimento.
O crescimento no Brasil pode durar dez ou 20 anos?
Sim. A gente tem todas as condições para isso. Sempre ouvi que o Brasil era o país do futuro. Isso é passado. Hoje, o Brasil é o país do presente. Não tem como dizer o contrário. Está todo mundo vindo para cá. Todo mundo querendo investir. Só que muitos empresários brasileiros ainda não acordaram para a dimensão do novo Brasil.
O nível de investimento atual é adequado para a economia brasileira?
O País vai ter de investir mais. Nós, empresários, ainda não temos a exata noção do que é o novo Brasil. Ainda não aprendemos a conviver com essa situação de forte crescimento.