26/09/2012 - 21:00
Os motores do crescimento
Enquanto EUA e Europa se debatiam na pior crise financeira desde a década de 1920, um grupo de quatro países emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China – sustentou a economia global. Em 2009, a economia chinesa expandiu-se 9,2% e a indiana, 6,6%. Apesar de ter derrapado em um ano de crescimento levemente negativo, o Brasil acelerou no ano seguinte, quando avançou 7,5%. De 2002 a 2011, os quatro cresceram, em média, 97%, ante 17% da expansão americana no mesmo período.
Piscinão chinês: em Sichuan, banhistas esperam onda artificial em piscina de água salgada.
Graças a eles, o mundo não para de crescer
Jim O’Neill, o economista que inventou o acrônimo Bric, nem imaginava que o grupo iria atuar de forma conjunta a partir de 2009. As quatro principais lideranças desses países encontraram-se em Ecaterimburgo, na Rússia (foto), e desde então se reúnem para influenciar os rumos globais. Agora, com a participação da África do Sul. Em 2010, a China ultrapassou o Japão e virou a segunda maior economia do mundo.
BRIC em ação: (da esq. para a dir.) O presidente Lula reune-se em Ecaterimburgo
com o presidente russo Dmitry Medvedev, o presidente chinês Hu Jintao
e o primeiro-ministro Manmohan Singh, da Índia
Montadora em apuros
A General Motors, que durante décadas foi a maior montadora do mundo, não resistiu à crise americana. A empresa foi protagonista da maior concordata da história dos Eua, devido à queda das vendas provocada pela retração do crédito. O socorro veio do governo, com a ajuda de US$ 30 bilhões concedida pelo presidente Barack Obama, em troca de 60% do capital. O CEO Fritz Henderson foi defenestrado do cargo. No total, a GM estatal recebeu US$ 50 bilhões.
Os encrencados campeões nacionais
Por qualquer ângulo que se olhe, sempre haverá uma digital do BNDES, liderado pelo economista Luciano Coutinho (leia entrevista ao final da reportagem), nas grandes fusões de 2009. Em sua estratégia de “política de campeões nacionais”, o banco resgatou empresas encrencadas com as perdas sofridas na crise.
Foi o caso da Sadia, de Luiz Fernando Furlan (à dir.) absorvida pela Perdigão, de Nildemar Secches, dando origem à BR Foods. É o que ocorreu também com a Aracruz Celulose, adquirida pela VCP, do grupo Votorantim, que criou a Fibria. No setor de carnes, o BNDES patrocinou casamentos para salvar empresas, como o caso do frigorífico Bertin, que foi “engolido” pelo JBS. Confira os principais negócios de 2009:
O rei dos eletrodomésticos
A área de eletrodomésticos nunca foi a praia do empresário Abilio Diniz (à dir.), do grupo Pão de Açúcar. No entanto, em duas tacadas, ele virou o bamba do pedaço. Primeiro, comprou, em junho, o Ponto Frio por R$ 824,5 milhões, depois de uma complicada negociação com sua dona, Lily Safra. Seis meses depois, adquiriu a Casas Bahia, comandada por Michael Klein. Em junho deste ano, Diniz passou o controle do Pão de Açúcar para o grupo francês Casino, seu sócio desde 1999, com quem briga em razão da fracassada tentativa de se unir ao Carrefour em 2011.
Morte em branco e preto
O cantor Michael Jackson morreu aos 50 anos, no dia 25 de junho, em Los Angeles, após sofrer uma parada cardíaca. Ao longo de sua carreira, ele vendeu 750 milhões de discos e no ano de sua morte arrecadou US$ 170 milhões em direitos autorais.
Emprestei e fechei
Dos 6,5 mil bancos em atividade nos Estados Unidos, 140 fecharam as portas por carregar créditos de má qualidade em seus balanços. Um ano antes, 25 deles quebraram.
Corrida dos investimentos
No 12o ano da DINHEIRO, o nervosismo global faz o ouro arrancar e se transformar em um porto seguro para os investidores.
Entrevista do ano
“Isso aqui não é um hospital de empresas”
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, defendeu o aporte de R$ 100 bilhões do Tesouro no banco de fomento:
Há uma percepção generalizada de que o banco ficou grande demais? Qual sua opinião?
O BNDES ficou grande porque houve uma forte restrição do crédito e do mercado de capitais.
O BNDES é um hospital de empresas?
O BNDES não é hospital. Essa é uma crítica do passado, desinformada e até às vezes ideologicamente motivada. O BNDES é um banco público e tem se comportado de maneira totalmente coerente com as regras de recuperação de empresas praticadas no mercado de capitais.
E quando os negócios dão errado?
A taxa de inadimplência e operações malsucedidas no BNDES é de apenas 0,15% dos seus ativos. Muito mais baixa do que a do sistema bancário privado.