O sonho de construir um imenso condomínio industrial no coração da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo, parecia mais um delírio de grandeza do regime militar brasileiro, do tipo imortalizado no filme Fitzcarraldo, do cineasta alemão Werner Herzog, quando instituiu, em 1967, a Zona Franca de Manaus. A diferença é que, em vez da malograda tentativa de construir um teatro de ópera em plena selva, a proposta, quatro décadas depois, se mostrou uma cartada de sucesso. 

 

67.jpg

 

O polo hoje conta com mais de 500 empresas, muitas delas multinacionais como a finlandesa Nokia, a holandesa Philips, a coreana LG e a japonesa Honda. No ano passado, empregou 122 mil pessoas e faturou US$ 41,2 bilhões, gerando uma arrecadação de R$ 21,1 bilhões em impostos. A concessão de benefícios fiscais para quem se aventurasse a construir uma fábrica em Manaus não foi bem recebida pelos industriais do Sudeste na década de 1960. Acreditava-se que a cidade se tornaria um mero entreposto para produtos importados por maquiadoras como as existentes no México, que concorreriam de forma desleal com os produzidos em outras regiões do País. Isso foi verdade até 1975. 

 

Naquele ano, foram adotadas as primeiras contrapartidas de nacionalização da produção. Essa estratégia avançou em 1992, com a imposição de metas de produtividade, de pesquisa e desenvolvimento e de fornecedores locais. Resultado: hoje, praticamente todos os antigos opositores estão instalados com fábricas próprias em Manaus. Em 1997, quando DINHEIRO nasceu, as empresas do polo empregavam 47,3 mil pessoas e faturavam US$ 11,7 bilhões. De 1967 para cá, os investimentos já somam US$ 10,8 bilhões. De uma capital de província com apenas 250 mil habitantes, Manaus virou uma metrópole de 1,8 milhão de pessoas.