02/05/2012 - 21:00
Os anos 1980 ficaram conhecidos no País como a década perdida e da desigualdade. Carro, telefone e máquinas eram artigos de luxo. O Brasil era pouco valorizado pelas multinacionais. Os shopping centers, que começavam a florescer nessa época, eram frequentados apenas pelas famílias mais abonadas, ao contrário do que acontecia no restante do mundo. Hoje, 30 anos depois, o Brasil é outro. O McDonald’s do popular Shopping Itaquera, na zona leste de São Paulo, está entre as lojas da rede americana que mais vendem no mundo. Empresas como Avon e Fiat faturam mais aqui do que em qualquer outro canto do planeta. Nos últimos três anos, dezenas de milhões de brasileiros voaram de avião pela primeira vez. Celular, que era um artigo de luxo e de diferenciação social, em 1997, quando DINHEIRO começou a circular, virou artigo de primeira necessidade.
O País viu nascer uma nova classe média, um fenômeno que começou a surgir em 1994, com o Plano Real, mas teve seu auge em 2008, quando a classe C passou a ser maioria pela primeira vez na história. Graças a esse exército de brasileiros com mais dinheiro na carteira e mais crédito, o consumo da população praticamente dobrou em dez anos de R$ 1,2 trilhão em 2001 para R$ 2,3 trilhões, em 2011, segundo projeções do instituto de pesquisas Data Popular. “Só a classe C gastou R$ 1 trilhão no ano passado”, diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular. “É o equivalente ao PIB de Portugal, Argentina, Uruguai e Paraguai somados.” DINHEIRO acompanhou de perto as transformações desse período, com reportagens que revelaram a febre do celular e da tevê de plasma, em 2005, e a abertura de 50 lojas do Magazine Luiza em só um dia, em 2008. “O varejo foi um dos primeiros a notar esse fenômeno”, diz Meirelles. “As empresas ainda estão aprendendo a vender para esse público.”