16/05/2012 - 21:00
“Carro a álcool, você ainda vai ter um”. A campanha publicitária lançada em 1983 pela Coopersucar não poderia soar mais profética. O desafio para encontrar um substituto à altura da gasolina, no tempo em que o Brasil sequer sonhava com as imensas reservas de petróleo descobertas no pré-sal, acabou se convertendo no mais bem-sucedido programa de combustíveis renováveis do planeta. Orgulho nacional e referência para as grandes potências que buscam maneiras de reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. Mas desde aquele longínquo 1975, quando foi criado o Proálcool, as idas e vindas do programa levaram à sua virtual extinção 15 anos depois, no começo dos anos 1990, deixando muitos brasileiros com o “mico” de possuir um carro com o novo combustível. Foi quando a profecia da Coopersucar virou sinônimo de pesadelo.
“Chegamos ao fundo do poço quando faltou álcool na capital federal, em 1990”, lembra o consultor André Beer, ex-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e ex-diretor-executivo da GM, que havia negociado diretamente com os militares a criação do Proálcool. “Foi o fim de tudo.” O descrédito com a gasolina verde perdurou por mais de uma década. Quando a DINHEIRO surgiu, em 1997, o brasileiro punha mais fé na seleção de Zagallo, derrotada pela França na final da Copa do Mundo no ano seguinte, do que em um carro a álcool. O cenário só começou a se reverter há dez anos, quando o governo resolveu elaborar novos planos para revitalizar o programa, revelados em matéria exclusiva pela DINHEIRO, em maio de 2002. Com a chegada dos primeiros carros flex, em 2003, a revolução verde tomaria de uma vez por todas as ruas do País.