24/08/2012 - 21:00
O escritor alagoano Graciliano Ramos, um dos maiores nomes da literatura brasileira, descreveu o Nordeste do País, na obra Vidas secas, como um ambiente extremamente austero, que faz daqueles que lá vivem pessoas castigadas pelas dificuldades, e onde a seca elimina a possibilidade de trabalho e de alimento. Nas últimas décadas, o cenário descrito na literatura mudou radicalmente, ganhou novos personagens e horizontes, com fortes traços de prosperidade econômica. O Nordeste é hoje foco de grandes investimentos privados, de iniciativas sociais de distribuição de renda e palco de mega-obras de infraestrutura. “O Nordeste significa para o Brasil, em termos econômicos, o que a China representa para o mundo”, disse à DINHEIRO o economista e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto.
A comparação não é exagerada. Segundo o BNDES, os investimentos na região registraram, entre 2004 e 2008, uma taxa média de crescimento de 19,5% ao ano. A expansão da riqueza nos Estados nordestinos fez com que a economia local superasse a média brasileira. Em 2010, o PIB de lá avançou 7,8%, acima dos 7,6% do Brasil. E não se trata de um fato isolado. Em 13 dos últimos 15 anos, desde que a DINHEIRO chegou às bancas, em 1997, o crescimento do PIB do Nordeste superou a média nacional. O novo perfil econômico da região, dona de um poderoso poder de consumo, com seus 54 milhões de habitantes, o equivalente a 30% da população brasileira, transformou a rotina do Nordeste. O turismo permanece como cartão de visita (veja a reportagem aqui), mas o surto de desenvolvimento recente fez com que uma boa parte das dificuldades descritas por Graciliano Ramos seja apenas um lembrança do passado.