No início da década de 1990, raras, raríssimas eram as empresas brasileiras estabelecidas no Exterior. Naqueles tempos de economia fechada, com um mercado interno cativo, protegido da competição externa, não fazia sentido pôr o pé na estrada e fincar suas estacas lá fora. O máximo de internacionalização que se conhecia à época, era a exportação de alguns manufaturados e de muita matéria-prima. A exceção ficava por conta de algumas poucas companhias, sobretudo da área de construção, que procuravam no âmbito regional, na América Latina, obras que compensassem a crise em que mergulhara o Estado, seu grande cliente, a partir da crise da dívida externa em 1982. 

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No entanto, lá para o fim da década, à medida que a economia do País ia entrando nos eixos, em consequência do Plano Real, as empresas nacionais começaram a pôr em seu radar o tema da globalização. “A estabilidade econômica colocou as empresas brasileiras em pé de igualdade com as estrangeiras”, diz Sherban Cretoiu, professor da Fundação Dom Cabral. Segundo ele, com um crescimento mais duradouro, essas empresas ganharam escala, competitividade e capacidade de se financiar e planejar o futuro, acabando por se dar conta de que podiam repetir no Exterior o sucesso que tinham no Brasil. 

 

“As empresas começaram a sair, e a maior parte acabou sendo bem-sucedida, o que funcionou como um incentivo para que outras seguissem o mesmo caminho”, diz Cretoiu. O resultado desse processo, acompanhado por ISTOÉ DINHEIRO desde seu lançamento, em 1997, é a existência de algumas dezenas de empresas com operações próprias lá fora. Nesse período, de acordo com os dados do Banco Central, o investimento direto das companhias brasileiras no Exterior chegou a mais de US$ 60 bilhões, cobrindo praticamente os quatro cantos do mundo.