Quando a primeira edição da DINHEIRO chegou às bancas, 15 anos atrás, a China era uma economia coadjuvante no cenário internacional. Sua indústria tinha a reputação de produtora de bugigangas, fabricante de penduricalhos de lojas de R$ 1,99. Não bastasse à imagem negativa de seus produtos, grande parte dos países em desenvolvimento temia a concorrência chinesa, que chegava às mãos de consumidores em qualquer lugar do mundo com preços, muitas vezes, abaixo do custo de produção local, graças aos salários aviltantes pagos à sua mão de obra. Desde então, a China promoveu a maior revolução industrial de sua história. De uma mera produtora de quantidade, passou a focar a qualidade – sem, evidentemente, negligenciar sua maior vocação econômica: a escala de produção. 

 

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De lá para cá, a China assumiu o papel de locomotiva da produção global, também com produtos de tecnologia de ponta. O processo de modernização industrial sem precedentes na China poderá beneficiar diretamente o Brasil. A corrente comercial do País com o mercado chinês – tudo aquilo que os dois vendem e compram entre si – deve atingir US$ 100 bilhões neste ano, o maior resultado da história, quase 40 vezes acima do que foi registrado há apenas uma década. E nessa troca, o Brasil está no azul. O superávit da balança comercial brasileira passou de US$ 5,2 bilhões, em 2010, para quase US$ 11,5 bilhões, no ano passado. “A China é o maior gerador de riqueza para o Brasil”, afirma o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, Charles Tang. “Tudo que o Brasil precisar em termos de investimento em infraestrutura, os chineses estão prontos para fazer e, por isso, tentar barrar ou limitar o comércio com a China é uma grande falta de inteligência.”