15/08/2012 - 21:00
Quando Jim O’Neill cunhou o termo BRIC em referência à palavra inglesa para “tijolo”, dificilmente imaginaria como esse trocadilho se encaixaria como uma luva para o Brasil. O crescimento econômico experimentado pelo País, nos últimos 15 anos, previsto pelo economista-chefe do banco Goldman Sachs, teve como um de seus alicerces a construção civil. Em 2011, o setor representou 5% do PIB, ultrapassando pela primeira vez os R$ 200 bilhões de faturamento. A indústria da construção, no entanto, nem sempre foi tão bem assim. Em 1997, quando a DINHEIRO surgiu, o mercado tentava se recuperar de uma longa estagnação no preço dos imóveis, provocada em parte pela inflação herdada da década de 1980. O dinheiro curto à vista impedia investimentos de longo prazo. Outro fator era a falta de garantias de empréstimo, que emperrava o financiamento de novos empreendimentos.
A partir de meados dos anos 2000, o cenário mudou completamente. A reformulação da chamada lei de alienação fiduciária deu mais agilidade ao financiador na retomada do imóvel, em caso de inadimplência, e permitiu que o crédito ao consumidor deslanchasse. O aumento da renda da população e iniciativas públicas como o Minha Casa Minha Vida também fizeram sua parte. Nos últimos quatro anos, a construção civil brasileira viveu um dos melhores momentos de sua história. São Paulo, que tem um dos m2 mais caros da América Latina, apresenta valorização anual de quase 20% e viu dobrar o preço dos imóveis de 2008 para cá. Passada a euforia, que chegou a ser tratada como “bolha”, o mercado entra em uma fase de estabilidade e crescimento sustentado, com acomodação dos preços dos imóveis. Bom para quem vende e ainda melhor para quem compra.