09/05/2012 - 21:00
No fim do ano passado, a pacata Paulo Frontin, município com pouco mais de sete mil habitantes, no sul do Paraná, finalmente recebeu o primeiro sinal de celular. Ela e outras quatro cidades eram, até então, uma exceção num país que é, hoje, o quarto maior mercado de telefonia móvel do mundo. Com 250 milhões de linhas em serviço, o Brasil tem mais celulares do que gente. Poucas coisas mudaram tanto e em tão pouco tempo quanto esse setor. O primeiro celular chegou ao País em 1990. Cinco anos depois, o cenário não era tão diferente: o Brasil tinha menos de uma linha para cada 100 habitantes.
O grande marco dessa revolução começaria a acontecer a partir de 1998, quando o governo decidiu privatizar o setor de telecomunicações. Dali em diante, as linhas se multiplicaram. “Ninguém imaginava, 15 anos atrás, que o celular se transformaria no principal serviço de telecomunicações”, diz Eduardo Tude, sócio da consultoria Teleco, especializada em telecomunicações. “A gente cresce uma rede fixa por ano em celular.” A revolução do celular é a mais visível. Mas quem viveu nas décadas de 1980 e 1990 sabe o quanto o País mudou na área de telefonia fixa. Quando a DINHEIRO nasceu, em 1997, o Brasil sofria de um atraso crônico, com apenas 17 milhões de linhas fixas.
Era preciso esperar anos na fila para conseguir uma – e ela não custava pouco. O telefone era considerado um bem de luxo, declarado no Imposto de Renda. A Bolsa de Telefones, especializada na compra e venda de linhas, figurava nas listas das 500 maiores empresas brasileiras. Quem tinha pressa apelava para o mercado paralelo, em que uma linha podia sair por até US$ 10 mil. “Era uma situação extremamente descontrolada”, diz Herberto Yamamuro, presidente da filial brasileira da NEC, uma das principais fornecedoras de equipamentos para o setor. “A qualidade caindo, a tecnologia obsoleta, filas de espera, preços exorbitantes.” Felizmente, esse tempo ficou para trás.