03/08/2011 - 21:00
Nas últimas duas décadas, o britânico Simon Sole se dedicou a estudar a economia global para identificar riscos e oportunidades para as empresas. Em todos esses anos, seus conceitos quase não mudaram: os países ricos eram seguros para investimentos, enquanto os mercados em desenvolvimento, mais arriscados. Num mundo em crise – com risco de calote nos EUA e a Europa no atoleiro – os papéis se inverteram. E Sole tomou uma decisão: “Vou montar uma filial no Brasil”.
Por que apostar no País agora?
O Brasil vive um momento especial. A economia tem provado que está madura e preparada para receber investimentos estrangeiros, ao mesmo tempo que as empresas brasileiras estão consolidando um saudável processo de internacionalização. Então, o sucesso das empresas que estão chegando, e das empresas que estão buscando negócios lá fora, justifica nossa decisão de começar a atuar no Brasil.
O que a Exclusive Analysis irá oferecer às empresas brasileiras?
Embora nossa sede seja em Londres, temos operações em todas as partes do planeta. Sabemos como ensinar a evitar riscos e aproveitar ao máximo as potencialidades de cada mercado.
Que risco há no Brasil?
Existe uma expectativa muito grande em relação ao crescimento da economia. Em alguns casos, é uma expectativa exagerada. Então, temos ajudado as empresas a enxergar com clareza qual a real situação de determinado negócio. Porque, se a expectativa for alta e o retorno não corresponder, a empresa pode ir embora.
Onde há essa expectativa excessiva?
Especialmente em empresas que dependem da exportação. O atual cenário cambial no País não favorece quem está apostando em vender para o Exterior. Com certeza, terá sua competitividade afetada.
Mas a queda do dólar não é sintoma de que as coisas estão bem?
No mercado interno, sim. Quem vier para o Brasil, com foco no mercado doméstico, terá grandes chances de prosperar. No entanto, para quem exporta, o dólar barato tira a competitividade. O mesmo vale para as empresas brasileiras que estão se internacionalizando e buscando mercados com grande potencial de expansão, como a China e a Indonésia.
O que diferencia o Brasil?
Há uma característica muito atraente no Brasil. Países emergentes são extremamente dependentes das exportações. A China, embora tenha um gigantesco mercado interno, ainda depende demais do consumo do restante do mundo. O Brasil, não.
Algumas economias, antes consideradas inabaláveis, hoje enfrentam o risco de calote, como é o caso dos EUA. Seu conceito de risco mudou?
É fato que a economia mundial está em rápido processo de mudança, com um papel mais relevante dos emergentes. Mas, embora se mostre mais longa do que se imaginava, essa crise deverá ser controlada nos próximos anos, com ferramentas que ajudem a aumentar a demanda, controlar a inflação e ampliem os recursos para financiar a produção. Essa não é a primeira crise mundial. nem será a última. Sinceramente: não acredito em calote nos EUA.
Quais são empresas brasileiras mais bem-sucedidas no Exterior e que recomendação dar a elas?
Existem várias. Com certeza, aquelas que estão em áreas como petróleo e infraestrutura são as que mais brilham lá fora. Hoje, a Petrobras é uma das companhias com melhor reputação no mundo, segura para investir e com ótimo potencial de retorno.
Para prosperar, o que a empresa precisa fazer hoje?
A chave do sucesso é estar mais próximo dos clientes. É por isso que as empresas brasileiras precisam continuar a se internacionalizar. É por isso que decidimos vir para o Brasil.
Como empresa britânica, o que tem a dizer sobre Copa e a Olimpíada, já que os Jogos Olímpicos de 2012 serão em Londres?
A Inglaterra tem uma infraestrutura pronta. Para as empresas, isso significa oportunidades.