Exatamente ao meio-dia da terça-feira 30 de julho, o economista colombiano Santiago Chamorro, 43 anos, foi promovido a presidente da GM do Brasil pelo seu conterrâneo Jaime Ardila, que comanda a montadora americana na América do Sul. “A mão dele suava”, brinca Ardila. Muito suor do executivo, aliás, é o que demandarão os desafios para ampliar o market share da empresa no País. Corintiano fanático desde sua primeira passagem pela subsidiária brasileira, entre 2002 e 2007, Chamorro escolheu morar no bairro do Morumbi, na zona sul da capital paulista, reduto de sãopaulinos. Mas garante que não deixará de frequentar o Pacaembu e o futuro estádio do clube, em Itaquera.

 

119.jpg

 

No primeiro semestre, a GM conseguiu o primeiro lugar no segmento de carros no varejo, que não inclui as vendas diretas para frotistas, com um market share de 20,9%. A liderança é uma meta?

Não estamos preocupados com a liderança, mas com a satisfação dos clientes. Precisamos alavancar os dez modelos lançados nos últimos meses e garantir que a rede de concessionárias ofereça uma experiência memorável aos nossos clientes.

 

Outras montadoras estão fazendo investimentos pesados no Brasil. Qual será o próximo ciclo da GM?

Ainda não posso revelar os planos, mas a GM continuará investindo. Temos metas no programa Inovar-Auto, do governo federal.

 

O que vai acontecer com a produção de carros em São José dos Campos, região conhecida por ter um sindicato combativo e duro nas negociações?

Há um programa de demissão voluntária em curso, que faz parte da estratégia de desmontar a linha de veículos no fim do ano. 

 

O sr. ficou cinco anos fora do Brasil. O que mais o surpreendeu no seu retorno?

A força da classe média. Fui a um shopping center em São Paulo e vi lojas lotadas. Liguei para a minha esposa e contei que estava observando na prática aquilo que tinham nos dito sobre a mudança social do Brasil. Os clientes estão com atitude de compra e têm crédito à disposição, com juros menores.

 

Há espaço para a GM trazer a marca de luxo Cadillac ao Brasil?

Sim, claro. Basta ver os shoppings e as construções voltados a esse público de maior renda para perceber que o potencial é enorme. Estamos pensando numa estratégia desse tipo.

 

E um carro elétrico?

Não está no nosso radar, nos próximos 18 meses, trazer um carro elétrico, pois o custo ainda é inviável. No entanto, com o salto tecnológico que o Brasil vai dar a partir do programa Inovar-Auto, haverá essa possibilidade no futuro.

 

O Brasil está um país caro para se viver?

Sem dúvida. Restaurantes, cinema e serviços estão bem caros.

 

A alta do dólar é boa ou ruim para a GM?

O impacto é direto e muito rápido nos nossos custos, pois importamos componentes. Já a contrapartida, que seria aumentarmos as exportações, leva mais tempo para acontecer. Mas, se o câmbio permanecer nesse patamar num prazo maior, existe a possibilidade de ampliar a nossa presença no comércio exterior. 

 

Qual é a perspectiva para o mercado automotivo em 2014?

Apesar do fim da redução do IPI, as perspectivas são positivas. Creio que o mercado irá, no mínimo, empatar com o resultado deste ano, que será próximo a quatro milhões de veículos vendidos. A Copa do Mundo jogará a nosso favor, pois haverá uma grande demanda por táxis, segmento em que a Chevrolet é muito forte. 

 

Para quem o sr. vai torcer na Copa?

Como todos os colombianos, tenho o Brasil como a minha segunda seleção favorita. Agora, nos campeonatos locais, meu time é o Corinthians. Estive na final da Libertadores de 2012. Foi fantástico!