08/12/2010 - 21:00
Das salas da EPGE saíram alguns dos principais mentores da política econômica do País. Mário Henrique Simonsen e João Paulo dos Reis Velloso são alguns exemplos do apogeu da instituição que continua um centro de excelência, porém sem a influência do passado. O diretor da EPGE, Rubens Cysne, falou à DINHEIRO sobre o meio século de vida da instituição e dos desafios futuros.
DINHEIRO – Com a inflação sob controle, qual é o papel do economista nos dias de hoje?
O ponto nevrálgico que temos hoje é conciliar crescimento e desenvolvimento. Nos anos em que estávamos envolvidos com a inflação, não tínhamos recursos nem gente para pensar no longo prazo. Hoje temos. Então, o papel do economista é buscar respostas para este desafio.
DINHEIRO – O trabalho hoje seria mais teórico?
De jeito nenhum. Para crescer precisamos de investimentos. Para investir é preciso poupar. O diagnóstico é fácil. O desafio a responder é: como faremos isso? Temos que pensar em instituições que garantam justiça, os direitos adquiridos. Esse pensamento vai garantir o desenvolvimento sustentável, a otimização de recursos. Tanto financeiros quanto naturais. Isso não tem nada de teórico. É bem objetivo.
“O ponto nevrálgico que temos hoje é conciliar crescimento e desenvolvimento”
DINHEIRO – Essa agenda tem de ser encabeçada pelo Estado?
Quando digo que temos de pensar as instituições, estou falando de um conjunto de regras claras e bem definidas que permanecem, independentemente de governo. São parâmetros de Estado, de nação, e não de governo. E por que isso é importante? Para dar às pessoas condições de investir.
DINHEIRO – A FGV de São Paulo é mais voltada para a formação profissional para a iniciativa privada e a do Rio à pesquisa acadêmica?
Não concordo. A EPGE tem essa participação na vida econômica do País porque surgiu num período em que o Brasil tinha problemas com a inflação alta.
DINHEIRO – Talvez seja a escola com mais nomes na vida pública.
Dos anos 90 para cá, a EPGE se concentrou na inserção científica e acadêmica. Nosso objetivo é prover pessoas que possam solucionar os problemas da sociedade.
DINHEIRO – É uma escola mais voltada para a vida acadêmica?
Sim, mas o que estou dizendo é que não cabe comparação entre Rio e São Paulo. Nosso foco é a internacionalização; fazer com que essas pessoas estejam na fronteira do conhecimento. E São Paulo também se rege por este princípio.
DINHEIRO – Qual é o grau de internacionalização da EPGE?
Queremos que os professores publiquem nos principais jornais científicos do mundo e eles são avaliados nesse quesito. Estamos em sintonia com o pensamento global. Hoje, todos os países emergentes têm essa preocupação.
DINHEIRO – Que momento o sr. destaca nestes 50 anos?
A EPGE teve atuação muito forte no Plano de Ação Econômica do governo Castelo Branco ( 1964 – 1967), que foi o primeiro plano de combate à inflação bem-sucedido. Tivemos nomes aqui como o dos ex-ministros Mário Henrique Simonsen, João Paulo dos Reis Velloso, Francisco Dornelles e tantos outros.
DINHEIRO – Mas a presença na vida pública tem diminuído.
Tivemos Joaquim Lévy, que foi secretário do Tesouro, Sérgio Werlang, que foi diretor do Banco Central, e tantos outros nomes na história recente.
DINHEIRO – Quais planos econômicos saíram da EPGE?
Nossa participação sempre foi intensa. Como no Paeg que trouxe a metodologia de reajuste dos salários pela média, que depois foi muito usada, inclusive no Plano Real, com a Unidade Real de valor, a URV.