Esse campo da tecnologia está se tornando mais conhecido nos últimos anos em decorrência da maior frequência de ataques de hackers entre países ou contra corporações. CEO da empresa americana Security Strategy, Lentz é ex-diretor de Segurança da Informação (CISO) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Em visita ao Brasil na semana passada, ele conversou com a DINHEIRO.

 

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“O setor de tecnologia está no mesmo nível em quea 
indústria automobilística se encontrava 30 anos atrás”

 

A guerra cibernética já é uma realidade que afeta empresas e governos?

Não gosto de dar muita ênfase à palavra guerra. Para mim, o que vivemos é uma espécie de Guerra Fria da era cibernética, pois não há claros conflitos que poderiam caracterizar uma guerra propriamente dita.

 

Mas os ciberataques são de fato uma ameaça real?

Certamente. Os governos do mundo devem estar atentos a essa realidade.

 

É possível dizer quando começou essa nova modalidade de confronto? 

A questão se tornou pública a partir da guerra da Geórgia com a Rússia, em 2008. Foi iniciado um ataque contra a infraestrutura de internet da Geórgia, semanas antes de os primeiros tiros serem disparados contra o país. 

 

Quais são os riscos para o Brasil?

Tenho certeza de que o governo brasileiro tem essa preocupação, mas sinceramente não faço a mínima ideia se as empresas e as demais instituições do seu país estão prontas para esse tipo de problema.

 

O Google foi hackeado na China no ano passado. Esse tipo de ataque a empresas é comum atualmente?

Sem dúvida não é um caso isolado, mas muitas companhias não têm interesse em divulgar que suas proteções de rede foram quebradas. 

 

Qual a lição deixada pelo episódio ocorrido com o Google?

Essa é uma grande questão. Esse fato demonstra que hoje mesmo as companhias mais sofisticadas estão suscetíveis. Qualquer brecha deixada no sistema pode ser encontrada, tornando as organizações extremamente vulneráveis.

 

O vazamento de informações de governos e empresas pelo site WikiLeaks se enquadra em um caso de ciberataque?

O WikiLeaks tem mais a ver com boas práticas de negócios e educação. Hoje é muito fácil tirar informações de dentro das empresas e outras organizações. A questão está muito mais relacionada ao acesso de funcionários a dados do que à segurança de rede.

 

Como o sr. avalia o atual estágio de desenvolvimento da segurança virtual no mundo?  

A analogia que gosto de fazer é que, do ponto de vista da segurança, o setor de tecnologia está no mesmo nível em que a indústria automobilística se encontrava três décadas atrás. Mas não vamos levar tanto tempo para conseguir perceber as mudanças nesse quadro.

 

O que o setor tem feito para evoluir nos  últimos anos? 

Nas últimas duas décadas, houve uma mudança de mentalidade. O tema cibersegurança nem sequer era visto como motivo de preocupação até há alguns anos. Hoje, ele está na pauta de empresas e governos. Mas estamos no meio do caminho.

 

Quais são as principais tecnologias de defesa criadas recentemente nessa área?

Há uma série delas. Destaco os avanços em visualização, recurso que permite aos consumidores e às empresas terem uma melhor compreensão do status das suas redes. O uso de biometria também vai se tornar muito mais comum em breve.