A Mercedes-Benz confirmou durante o evento Mercedes-Benz & Smart Media Night, “The Future of the Automobile”, realizado em Frankfurt, na Alemanha, durante a abertura do maior salão de automóveis do mundo, que irá construir uma nova fábrica no Brasil. A decisão sobre o local deve sair ainda neste mês e a fábrica começará a produzir em 2015. O volume inicial será de 30 mil carros por ano. O jornalista Sergio Quintanilha, redator-chefe da Motor Show, conversou com o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Philipp Schiemer.


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O sr. confirma a construção de uma nova fábrica da Mercedes, no Brasil, para a produção de carros compactos?

Nosso CEO, dr. Dieter Zetsche, confirmou hoje a construção de uma nova fábrica no Brasil. É possível que façamos veículos compactos, mas ainda não tomamos uma decisão definitiva sobre isso.

 

Quais são os carros compactos que a Mercedes produz atualmente na plataforma que poderiams ser fabricados no Brasil?

Hoje produzimos quatro veículos na plataforma New Generation Compact Car (NGCC). Começamos com o Classe B, que faz bastante sucesso no Brasil, depois trouxemos o Classe A. Temos também o CLA, que é um carro cupê, dinâmico, que foi lançado neste ano na Europa e começará a ser vendido no Brasil em novembro. No ano que vem, será a vez do GLA, um utilitário 4×4 também nessa plataforma, que parece ser um modelo bastante adequado para o mercado brasileiro.

 

Quais são as cidades que disputam essa fábrica?

Estamos na fase final da decisão. Tivemos contato com muitos lugares, mas tudo indica que a decisão vai ficar entre dois Estados, muito provavelmente São Paulo e Santa Catarina.

 

O início de produção já confirmado do Audi A3, no Paraná , e do BMW Série 1, em Santa Catarina, influenciou a decisão da Mercedes?

Não, essa decisão foi feita de forma independente. A gente analisou com cautela a nova política InovarAuto e ficou claro que, se quisermos uma fatia maior no mercado, teremos de construir uma fábrica. Tomamos essa decisão sem olhar muito para a concorrência.


O sr. acredita que o mercado automotivo brasileiro pode se manter por um longo tempo em quarto lugar no ranking mundial de vendas, à frente do alemão?

Acredito que sim. O Brasil tem uma população de quase 200 milhões de pessoas e a relação carro/habitante ainda é bastante inferior à de países europeus. Além disso, a gente conta com investimento dos governos em infraestrutura. Isso acontecendo, vemos possibilidade de o mercado crescer.

 

Qual é o valor do investimento da Mercedes nessa nova fábrica?

Isso, a gente não fala.

 

Quais são os planos da Mercedes para distribuir carros de luxo na América Latina?

Continuaremos fazendo o mesmo que já fazemos hoje. O Brasil cuida dos mercados da América Latina. Vendemos carros para a Argentina, por exemplo, através do Brasil. Para a Mercedes, o maior mercado de carros de luxo da América Latina é o Brasil.

 

A nova fábrica terá como objetivo a exportação de carros para a América Latina ou atenderá apenas o mercado brasileiro?

Por enquanto, só estamos pensando no mercado brasileiro.

 

Como o sr. vê o crescimento das marcas chinesas no Brasil?

Vamos ver cada vez mais concorrentes no mercado, mas a qualidade é que vai fazer a diferença. Eu vejo uma grande barreira para qualquer marca entrar no mercado brasileiro e ao mesmo tempo ter uma rede de atendimento estruturada, porque o segredo não é vender o primeiro carro, e sim vender o segundo carro. Se as marcas chinesas passarem por essa experiência, aí vamos ver.

 

Qual é o seu maior desafio, hoje, no Brasil?

No Brasil, o nosso maior negócio é o setor de caminhões e ônibus. Na área de ônibus, queremos manter a liderança. Em caminhões, queremos lutar para colocar a marca Mercedes no lugar que ela merece. Esse é o nosso foco.