17/10/2012 - 21:00
O Brasil vem ocupando um espaço cada vez maior na agenda do austríaco Peter Löscher, CEO mundial da Siemens, que faturou € 73,51 bilhões em 2011. Segundo ele, o País, que já é o quinto maior mercado do grupo alemão, desponta como uma das suas principais apostas. Prova disso é que a empresa está investindo US$ 1 bilhão por aqui, na ampliação de fábricas e no desenvolvimento de produtos e serviços.
O sr. assumiu o posto em 2007, pouco antes de estourar a crise. Como tem sido comandar uma empresa global nesse cenário?
Quando assumi a presidência, disse que meu lema seria: evolução, não revolução. Nesses cinco anos, posicionei a Siemens como uma empresa pioneira na área de infraestrutura, tendo como mote a pegada sustentável. Desde então, o faturamento saltou de € 64,23 bilhões para € 73,51 bilhões em 2011.
Quais são suas prioridades daqui para a frente?
Temos claras nossas apostas em três campos: tecnologias verdes, os países de rápido crescimento, além de manter o foco nos setores tradicionais, como energia, saúde e indústria.
Qual a importância dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no plano estratégico da Siemens?
Os países emergentes terão um peso muito grande na economia, respondendo por 60% do crescimento mundial até 2017.
Em quais setores o sr. aposta, no caso do Brasil?
As oportunidades são enormes, desde a exploração de petróleo na camada de pré-sal até obras de infraestrutura relacionadas à realização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.
Como a Siemens, uma empresa alemã, está enfrentando a crise econômica global?
Toda crise embute oportunidades. Neste caso não é diferente. Uma de nossas grandes apostas é o portfólio de produtos e serviços baseados em tecnologias verdes, que gerou € 29,9 bilhões em 2011.
A industrialização verde tem espaço para crescer no Brasil?
Creio que sim. As empresas que atuam no País vivem sob o desafio de serem eficientes para competir com concorrentes de todas as partes do mundo. Para isso, elas precisam produzir mais, com melhor qualidade e custos competitivos. Países como o Brasil devem possuir indústrias fortes. Jamais devem abrir mão disso, pois se trata de um diferencial estratégico.
O portfólio verde já responde por 40% das receitas da companhia. Até quanto ele pode crescer?
Temos produtos, serviços e tecnologias que cobrem áreas que respondem por 37% do potencial de redução das emissões de CO2. Minha ambição é que consigamos ampliar as receitas em € 10 bilhões, nesse segmento, até 2014.
Como a empresa está se preparando para ser mais competitiva?
Faremos isso por meio da busca constante de novos mercados. A criação de um setor dedicado à infraestrutura e cidades deverá abrir novas oportunidades para a companhia na área de prestação de serviços. Também nos manteremos focados nos segmentos tradicionais de energia, saúde e área industrial.
Nesse contexto, qual a importância do centro de tecnologias eficientes para cidades que a empresa acaba de abrir em Londres?
Trata-se de um importante passo em nossa estratégia relacionada às megacidades. Nesse centro, teremos a chance de mostrar às pessoas comuns, aos executivos e aos gestores governamentais o que a companhia pode fazer para melhorar seus negócios.
Como a tecnologia pode ajudar as pessoas comuns a superarem os desafios relacionados à sustentabilidade do planeta?
Hoje, a sociedade segue um estilo de vida insustentável que consome mais recursos naturais do que a Terra pode produzir. O tempo corre contra a humanidade, mas a capacidade de invenção e inovação é nosso grande trunfo para resolver essas questões.
Enviado especial a Londres