14/03/2012 - 21:00
Conhece a Embrapa? Pois vem aí a Embrapii, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial. Essa é a aposta do gaúcho Marco Antonio Raupp, que assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia em janeiro, para destravar a inovação no País. Raupp participou na Alemanha da abertura da CeBIT, uma das principais feiras de tecnologia do mundo, que teve o Brasil como o país parceiro neste ano. Lá, ele falou à DINHEIRO. Confira:
O que o Ministério da Ciência e Tecnologia pode fazer para melhorar o serviço de banda larga?
Estamos colaborando com o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). A rede nacional de pesquisa, por exemplo, está ampliando sua capacidade. Outra cooperação está na área de satélites.
Como está esse projeto?
Desenvolvemos o programa do satélite geoestacionário de comunicações, que pode ser utilizado na banda larga e entrará em órbita em 2014. Vamos investir R$ 750 milhões no projeto em três anos. A banda larga deixará de chegar só às regiões mais desenvolvidas e estará em todo o País.
Como fazer para que o Brasil inove mais?
Criaremos a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial). Ela contribuirá para o desenvolvimento industrial, assim como a Embrapa contribui para o agronegócio.
Como a Embrapii vai funcionar?
Nosso modelo é a sociedade Fraunhofer, muito tradicional na Alemanha, que é a maior instituição de pesquisa aplicada da Europa. O governo paga uma parte do seu custeio, mas as empresas pagam outra parte significativa.
Haverá colaboração com a Fraunhofer?
Sim. Já fizemos um convênio para que essa fundação nos ajude na organização institucional da empresa. Agora, estamos negociando apoio em conteúdos efetivos de pesquisa.
Quando a Embrapii começará a dar resultados?
Agora, a companhia vai buscar as demandas empresariais. Cada centro de pesquisa está voltado a determinados temas. O IPT, por exemplo, está direcionado mais para a nanobiotecnologia.
Qual é o orçamento da Embrapii?
Acredito que seja de R$ 150 milhões anuais. Mas veja, eu não tenho que começar do zero, contratar um monte de pesquisadores, vou usar os recursos que essas instituições já têm.
Há outras iniciativas de cooperação científica com a Alemanha?
Temos uma cooperação científica tradicional com a Alemanha, com envio de estudantes brasileiros para pós-graduação. O país será importante no programa Ciência Sem Fronteiras.
O corte de 15% no orçamento não vai afetar seriamente a pasta comandada pelo sr.?
As bolsas, salários e organizações de pesquisa não são afetados. Distribuiremos esse corte para prejudicar o mínimo possível as atividades. No ano passado tivemos cortes, mas as empresas não sofreram nada porque estão recorrendo mais ao crédito.
As pesquisas da estação científica brasileira de Comandante Ferraz, na Antártica, foram totalmente destruídas?
Não totalmente, 60% das pesquisas não sofreram nada. Muitos pesquisadores estão em plataformas longe de Comandante Ferraz e transmitem as informações para suas instituições no Brasil. Agora temos que ver o que precisa ser feito, por exemplo, para repor a estrutura física, os equipamentos que foram destruídos e prover energia necessária para a parte que não foi afetada.
Enviada especial a Hannover (Alemanha)