A alemã Software AG, uma das maiores empresas de software corporativo da Europa, está animada com o crescimento no Brasil. A subsidiária local, em apenas três anos, já fatura US$ 100 milhões, 10% do resultado global em 70 países. O CEO Karl-Heinz Streibich falou à DINHEIRO pouco depois de apresentar seus produtos à presidenta Dilma Rousseff e à chanceler alemã Angela Merkel na Cebit, maior feira de tecnologia do mundo, no início de março. 

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Qual a importância do Brasil para a Software AG?

O Brasil é um dos cinco países mais importantes para nós.  O setor público é o maior mercado, onde estão 60% dos clientes, mas a área bancária também é significativa.  

 

Como a crise europeia está afetando o negócio? 

Por incrível que pareça, não fomos afetados. Quando tudo vai bem, as empresas digitalizam seus processos para melhorar sua competitividade; numa crise, fazem o mesmo para reduzir custos. 

 

Quanto os emergentes representam hoje da indústria de TI? 

O Brasil não é mais emergente. É um país de Primeiro Mundo, com crescimento e companhias fortes. É a sexta maior economia.

 

Então por que não temos ainda no País centros de pesquisa e desenvolvimento das maiores empresas de software? 

É preciso dar alguns passos, o primeiro é  modernizar a infraestrutura de TI do País, tanto na área pública quanto na privada. Isso criaria um ponto de partida para a inovação. Mas já há áreas de excelência: o sistema bancário brasileiro é o mais sofisticado do mundo, funciona em tempo real. 

 

Mas não deveria haver mais inovação na TI brasileira? 

Nada acontece do dia para a noite. A Alemanha levou 250 anos para construir a plataforma de engenharia. Talvez vocês demorem de 25 a 30 anos.  

 

A falta de trabalhadores qualificados no Brasil é um problema?

É difícil encontrar trabalhadores qualificados no mundo inteiro. Na Alemanha, há um déficit de 40 mil engenheiros. Talvez não faltem engenheiros na China e na Índia. Mas  o Brasil está no caminho certo, com esse programa [Ciência Sem Fronteiras, do governo federal] para mandar mais de 100 mil estudantes ao Exterior. 

 

Qual a estratégia global da companhia agora? 

Vamos nos concentrar nos países onde já temos massa crítica. Estamos em 70 países, não queremos chegar a 80, mas aumentar  a penetração onde já estamos. Há muito a ganhar na América do Sul, no Leste da Europa, na Ásia. 

 

Como foi o encontro com a presidenta Dilma Rousseff e com a chanceler Angela Merkel?

Eu não conhecia a presidenta brasileira, mas espero voltar a falar com ela no futuro. A chanceler Angela Merkel, eu já conheço, ela dirige um grupo de TI na Alemanha do qual eu faço parte. Ela agradeceu o desenvolvimento do  projeto que demonstrei.  

 

Como vê a atuação da chanceler Merkel na crise europeia? 

Ela está fazendo um bom trabalho. Os problemas são tão complexos que ninguém entende totalmente a situação. Mas ela é pragmática, procura a melhor solução daqui para a frente. 

 

A cada dia aumentam as discussões sobre proteção de informações dos usuários dos sistemas de dados. Como garantir a privacidade na era da internet? 

É mais difícil proteger a privacidade no mundo digital. Muita gente não percebe os riscos do mundo virtual. A próxima geração de usuários vai definir as novas fronteiras da privacidade. Hoje há tanta informação sendo compartilhada no Facebook e vendida posteriormente. Será que podemos mudar isso? Não sei, provavelmente não. Como diz Eric Schmidt, do Google, a internet é como a água, sempre encontra um jeito de passar pelos obstáculos.

 

 

Enviada especial a Hannover (Alemanha)