Impulsionadas pelo pré-sal, empresas de diversos segmentos estão reforçando suas apostas no País. Uma delas é a Brasil Supply, uma associação entre Petrobras, Cotia Trading, Hes Cepemar e GS Engenharia, que atua em logística de transporte de pessoal e suprimentos para as plataformas de petróleo. Comandada pelo experiente executivo José Roriz Coelho, a empresa está investindo R$ 600 milhões em uma frota de 17 embarcações de apoio. “A única coisa que me tira o sono é a possibilidade de atraso na entrega dos navios”, diz. 

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“O petróleo jamais chegará na hora errada” 

O sr. acredita que o pré-sal pode representar a consolidação da indústria naval?

Esse movimento já é uma realidade hoje, com a demanda pela construção de embarcações num patamar infinitamente superior à capacidade instalada. Os estaleiros saíram de uma situação de baixa ocupação, que resultou na deterioração de parte do parque industrial, para outra bem diferente, na qual estão sendo desafiados a produzir navios sofisticados e plataformas complexas.

 

A exigência de conteúdo nacional para equipamentos poderá comprometer o sucesso dessa empreitada? 

Não creio. Para desenvolver e consolidar um segmento como esse é preciso gerar massa crítica, dispor de pessoas qualificadas e desenvolver tecnologias. Isso leva tempo. 

 

Mas o que pode ser feito para evitar percalços no caminho?

Os atrasos fazem parte de qualquer processo produtivo dessa magnitude. É preciso conversar e tentar buscar soluções conjuntas para garantir que as empresas petrolíferas sejam atendidas. Não adianta criar uma legislação positiva e acreditar que tudo será resolvido apenas pela edição de um decreto ou de uma lei. 

 

O modelo de atuação da Brasil Supply deve servir de base para outras empresas que atuam na área?

Creio que sim, pois a tendência é que as empresas petrolíferas, como a Petrobras, cada vez mais se concentrem em exploração e produção, deixando atividades auxiliares para seus parceiros. 

 

Os planos da empresa também contemplam o mercado externo? 

O mercado do petróleo é global e queremos seguir o exemplo de empresas norueguesas, britânicas e americanas, que prestam serviços em todas as partes do mundo. 

 

Há quem diga que o pré-sal chegou na hora errada, por conta da descoberta do gás de xisto nos Estados Unidos. O sr. concorda?

Nos próximos 30 anos, o petróleo jamais chegará na hora errada. O xisto é importante para os EUA, cuja matriz energética é fortemente dependente do gás. Mas ele não serve para mover o setor de transportes. Por isso, creio que a demanda por petróleo seguirá firme, puxada por países como China, Índia e Brasil. 

 

O petróleo, então, não estaria com os dias contados?

Na verdade, essas descobertas colocam a indústria petrolífera em uma nova perspectiva, ao reduzir a dependência extrema do Golfo Pérsico, mitigando os riscos envolvidos na operação. 

 

Nesse contexto, quais seriam as vantagens para o Brasil?

O País possui diferenciais importantes, como a existência de marco regulatório e estabilidade política. Problemas como os vividos pela OGX emitem um sinal negativo, mas não chegam a atrapalhar (leia mais sobre a OGX aqui).

 

Quais são as perspectivas da Brasil Supply nesse mercado?

São muito positivas. Nossa estrutura cobre desde a logística de abastecimento até o transporte de pessoal para plataformas, passando pela produção de fluídos usados na perfuração. Nossas bases ficam no Sudeste, região que é o epicentro do pré-sal. 

 

Qual é a expectativa de faturamento anual da empresa?

Temos contratos para o afretamento das nossas embarcações por oito anos. As 17 unidades encomendadas para reforçar nossa frota contarão com 62% de conteúdo local e nossa expectativa é atingir uma receita de R$ 850 milhões, no primeiro ano de atividade.