16/11/2011 - 21:00
O Facebook ainda vai se expandir muito nos próximos cinco anos e deve provocar o sumiço do Orkut, a rede social do Google. Mas o site de Mark Zuckerberg não deve ser plataforma de comunicação definitiva. “A explicação para isso é que as redes sociais são como baladas: quando se tornam muito populares, os mais descolados caem fora”, afirma Jeffrey Cole, diretor do Centro para o Futuro Digital da University of Southern California e coordenador da pesquisa World Internet Project, que, há 11 anos, coleta informações sobre os hábitos de consumo de mídia de pessoas em 34 países.
“Ainda é preciso descobrir como tornar o tablet rentável, mas é apenas uma questão de tempo.
O futuro para as revistas e jornais é bastante promissor”
Como a internet móvel e os dispositivos portáteis, como smartphones e tablets, estão mudando o comportamento das pessoas?
Estamos testemunhando uma grande transformação segundo a qual a internet móvel sai do seu canto para se tornar o centro da nossa vida digital. Apenas 5% das pessoas que têm hoje um PC realmente precisam dele. Para os outros 95%, smartphones e tablets são mais do que suficientes. Com esses dispositivos, a internet está se integrando a cada momento da nossa vida, da simples escolha de onde tomar um cafezinho até as decisões mais importantes do nosso dia a dia.
E quais os problemas desse processo?
Ninguém abre mão da web. Podemos nos incomodar com os seus problemas, como vírus, mas a percepção de que a rede transforma as nossas vidas para melhor prevalece. Temos de aprender a conviver com as desvantagens que ela traz.
Qual o futuro da tevê?
Todas as formas de mídia irão sobreviver, mas os competidores de cada mercado serão menores. Isso vai ser verdade para a indústria do cinema, da música, dos livros. Mas a televisão será maior do que é hoje ao escapar da nossa sala de estar e se tornar nossa companheira constante. O YouTube é tão televisão quanto a Globo. Isso significa uma competição maior para as emissoras tradicionais, mas também muitas oportunidades.
Mais pessoas assistem à tevê e usam as redes sociais ao mesmo tempo. Como as emissoras podem tirar proveito disso?
Esse é um fenômeno novo. Historicamente, víamos as pessoas migrando da televisão para a internet. Agora, elas compartilham na internet o que assistem na tevê. É uma grande oportunidade para as emissoras oferecerem mais conteúdo online.
A indústria do entretenimento ainda teme a internet?
Sem dúvida. Ela teme a web, pois esta rompe com os modelos estabelecidos. Nos 50 anos anteriores à internet, as indústrias da televisão, do cinema, da música, da publicidade e da imprensa mudaram muito pouco. Mas, nos últimos dez anos, elas experimentaram transformações profundas, o que está longe de acabar. As empresas de entretenimento começam a entender que, mesmo na internet, o conteúdo é rei. É somente uma questão de buscar novos modelos de negócios.
Qual a importância dos tablets para a mídia impressa?
Há cerca de um ano, eu acreditava que os jornais e as revistas estavam condenados. Mas, felizmente, o iPad mudou isso. Ainda é preciso descobrir como tornar essa nova plataforma rentável, mas é apenas uma questão de tempo. O futuro para as revistas e jornais, hoje, é bastante promissor.
Como as redes sociais podem transformar a publicidade?
De duas maneiras. Hoje, o público já interage com marcas e empresas, reage à publicidade, e isso muda a relação entre anunciantes e consumidores. Outro ponto essencial é a possibilidade de segmentar a audiência. Você não precisa atingir todo mundo, mas sim buscar aquelas pessoas que realmente lhe interessam.
O sr. acredita que o Facebook irá morrer em cinco anos?
O Facebook vai crescer muito nos próximos cinco anos e deve fazer o Orkut sumir. Mas ele não vai ser a plataforma de comunicação definitiva. As redes sociais são como baladas: quando se tornam populares, os mais descolados caem fora. A tendência são as redes sociais fragmentadas, especializadas, ou que permite uma melhor forma de você lidar com as suas informações, a exemplo do Google+.
Qual o papel da internet no Brasil no contexto da revolução digital?
A economia brasileira se tornou o centro do universo. Vocês vão sediar a Copa do Mundo e a Olimpíada. A internet no Brasil ainda vai proporcionar uma grande contribuição em termos globais, assim como o seu País já faz em outras áreas.
Muitos consideram o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, um visionário. Qual a sua opinião sobre ele?
Ele é um visionário, embora não acredite que ele tivesse a noção do que estava criando quando começou a programar no seu dormitório de estudante da Universidade Harvard. Assim como Bill Gates ou Steve Jobs também não tinham quando começaram seus negócios. Conheci Mark há cinco anos e o achei um tanto imaturo, como qualquer garoto de 22 anos. Eu o reencontrei há três meses e me surpreendi. Fiquei impressionado porque ele se tornou uma das figuras mais importantes do nosso mundo.