23/03/2013 - 21:00
Quer inovar em seu negócio? Bata à porta de Glauco Arbix, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Sua assinatura pode liberar 40% dos R$ 32,9 bilhões previstos no plano Inova Empresa, anunciado no dia 14, pela presidenta Dilma Rousseff. A meta é atacar o principal gargalo da economia: a baixa produtividade. “Será um choque de investimento com impacto muito forte nas empresas”, diz Arbix.
O que o plano Inova Empresa traz de novidade?
Nunca houve um plano desses no Brasil, pelo volume de recursos, pelo foco em tecnologia, e pela característica de articulação com agências reguladoras e bancos públicos. Ele combina crédito, subvenção econômica, investimentos, equity e recursos não reembolsáveis. Muitas empresas não alocam recursos em inovação por falta de caixa, e o plano serve como solução.
O Inova Empresa só vai durar até 2014. É suficiente?
O plano prevê um choque de investimento, o que vai provocar um impacto muito forte nas empresas, de modo a atacar o principal problema da nossa economia: a baixa produtividade.
Os financiamentos podem aumentar nos próximos anos?
Já aumentaram e aumentarão ainda mais. A Finep investirá na ordem de R$ 10 bilhões em crédito até 2014. Se incluirmos os recursos não reembolsáveis, e os recursos a fundo perdido (para áreas de risco tecnológico), o valor salta para R$ 14 bilhões. É 40% do que está previsto no plano. O restante virá do BNDES, de bancos públicos, do Sebrae e das agências reguladoras.
Qual será o papel das agências reguladoras?
Por lei, alguns segmentos da indústria, como a cadeia do petróleo e da energia elétrica, são obrigados a aplicar 1% de seu faturamento em tecnologia. As agências vão começar a fiscalizar essa aplicação e garantir que o único destino será a inovação.
As empresas têm dificuldade em investir em inovação. Por que agora será diferente?
O mundo vive uma situação extremamente delicada com a crise na Europa e nos Estados Unidos. Todos os países e as grandes empresas querem tornar suas economias competitivas. Para uma parcela do empresariado, essa ficha já caiu. Notamos isso pela demanda crescente na Finep.
Esse programa vai elevar a taxa de investimento no País?
Uma injeção de recursos de R$ 32,9 bilhões eleva a taxa geral de investimento e terá influência sobre os gastos em P&D.
Além de recursos, falta mudar a cultura empresarial no País?
Sim. O empresariado ainda investe pouco em inovação.
O que o governo já tem feito para mudar esse quadro?
Em agosto de 2011, foi lançado o programa Brasil Maior, que tem ajudado as empresas a reduzir seus custos. O Inova Empresa complementa o Brasil Maior e ataca o problema da falta de competitividade, ligada à carência de geração de tecnologia.
Quais são os entraves colocados pelas empresas para investir?
As empresas colocam o custo Brasil como o maior problema – os impostos, a burocracia e as dificuldades de acesso a crédito. Mas esses são problemas mundiais: as empresas sempre querem custos menores para investir. Estamos atacando a burocracia e diminuindo o tempo de análise dos projetos. De 2011 para cá, já reduzimos em 70%. Ainda há casos de empresas que esperam 150 dias. Esse prazo deve cair para, em média, 30 dias.
Mesmo com o crescimento baixo, o governo vai conseguir convencer o empresário a investir mais?
Nós não tivemos redução da demanda na Finep, apesar do crescimento menor da economia nos últimos anos. Em 2013, o Brasil vai crescer mais. No ano passado, liberamos R$ 3 bilhões só de crédito, 70% a mais do que em 2010. Para este ano, queremos crescer 100%. Isso puxado pelos setores de petróleo e gás, etanol de segunda geração, defesa, aeroespacial e saúde.