22/08/2012 - 21:00
A tecnologia, com tantas opções de sistemas e serviços, se tornou muito complicada para os clientes corporativos. Os de maior porte, por exemplo, precisam lidar com diferentes softwares e fornecedores para gerenciar seus sistemas de tecnologia da informação (TI). É nessa lacuna que as companhias de software empresarial deveriam atuar, tentando simplificar o jogo para os clientes, na opinião de Cyro Diehl, presidente no Brasil da americana Oracle.
Qual a dificuldade de atuar num mercado em que clientes podem ser rivais e os concorrentes, parceiros?
As empresas ficaram muito mais criteriosas em suas decisões. Se for melhor para elas uma solução Oracle implementada pela Accenture, vão preferir esse caminho. Diante desse cenário, costumo dizer que, de dez em dez anos, há uma grande revolução na tecnologia da informação.
Pode detalhar melhor?
A última revolução foi a da internet, em 2000. Estamos agora no meio de uma nova revolução.
Qual é?
É a da computação em nuvem. Isso porque ela se refere ao jeito como as empresas vão usar a tecnologia daqui para a frente.
Por que as empresas usariam a computação em nuvem?
Porque o negócio delas não é tecnologia da informação. O que importa para elas é usar os recursos tecnológicos a favor de seus objetivos. Um exemplo: uma companhia quer monitorar as redes sociais para saber o que os consumidores dizem sobre sua marca. Ela vai usar a TI para explorar essa riqueza de informação e, assim, ter um apoio para a tomada de decisões. Mas não quer discutir se será o servidor A, servidor B, ou se é HP, IBM ou Oracle que vai prestar os serviços.
Qual a função da internet nesse contexto?
Para se diferenciar, as empresas – de todos os campos – precisam se reinventar. E a reinvenção passa pela inovação, que passa pela internet, pela TI. Por essa razão, cada vez mais, elas vão querer usar o poder da computação de uma maneira remota. Digo tudo isso para observar que, lá pelo ano 2000, com o fortalecimento da internet, os aplicativos se sofisticaram.
E por causa disso se tornou necessário haver departamentos de TI grandes e bem estruturados.
Sim, mas, neste momento, o que todas as empresas buscam é a simplicidade. A tecnologia ficou muito complicada. O grande ícone dessa inovação é a Apple, com Steve Jobs. Talvez o iPhone não seja o melhor aparelho para responder e-mails, mas o conjunto de coisas reunidas no iPhone trouxe uma grande simplicidade. Temos de levar essa simplicidade para o meio corporativo. E as empresas, agora, descobriram a nuvem.
Por que muitas empresas ainda não utilizam o sistema de computação em nuvem?
Em primeiro lugar, por uma questão de confiabilidade. As companhias precisam acreditar que seus dados estarão seguros.
Quem vai se beneficiar mais dessa tecnologia?
Em boa parte as companhias de médio para pequeno porte, porque hoje elas não têm condições de investir muito dinheiro na aquisição de um software local, por exemplo.
O apagão de mão de obra na área de TI é um assunto muito alardeado. Está difícil contratar profissionais?
Está bem difícil. Fizemos até uma propaganda sobre isso, no ano passado ou retrasado. As peças diziam: “Estamos contratando.”
Por que a dificuldade?
Há uma distância entre as empresas e as universidades. As instituições de ensino formam profissionais, mas há uma diferença entre formar e estar pronto para executar. De quem é a falha? Das duas partes. As empresas deveriam estar mais próximas das universidades e vice-versa.