Perde apenas para a AB Inbev, que controla a Ambev e a  Anheuser-Busch. Dona de uma  receita global de US$ 25 bilhões, a SAB Miller nunca se impôs no Brasil. Até 2007, a produção e a distribuição de uma de suas marcas, a Miller, era feita pela Brahma. Agora, a Miller volta ao País pelas mãos da gaúcha ImportBeer. Christian Wensel, diretor de exportações da SAB Miller, disse à DINHEIRO que seu foco é explorar o nicho de cervejas premium.

 

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“A SAB Miller desenhou uma estratégia de longo prazo para o Brasil”

 

A SAB Miller pretende montar uma estrutura produtiva no Brasil?

Primeiro vamos começar importando a Miller Gold Draft (MGD) dos Estados Unidos. Caso haja um aumento da demanda, poderemos usar como base produtiva a fábrica da Cerveceria Argentina Isenbeck, da Argentina, que acabamos de comprar. 

 

Qual é a fatia de mercado que a SAB Miller pretende atingir no primeiro ano de atuação?

Embora o Brasil seja um país de grande dimensão territorial, nossa estratégia para esse mercado terá como foco o lançamento gradual de nossas marcas, de olho no segmento premium.

 

A empresa pretende reproduzir essa tática em outros países da América do Sul?

Sem dúvida. Nesse momento, estamos avaliando oportunidades de atuação no Uruguai, no Paraguai e no Chile. 

 

Por que a SAB Miller demorou tanto a entrar no Brasil?

Na década de 1990, assinamos acordo de licenciamento com a Brahma (atual Ambev),  que previa a produção e a distribuição da MGD. Desde 2007, contudo, estamos avaliando oportunidades para voltar ao País. A chave do sucesso para uma operação desse tipo é definir onde vender e com quem se associar. E isso foi resolvido quando assinamos o contrato com a ImportBeer, do Rio Grande do Sul.

 

Por que o contrato com a Ambev foi cancelado?

Isso foi fruto de um acordo mútuo, baseado na avaliação de que já não havia benefícios para ambas as partes. 

 

No Brasil, apenas três cervejarias, Ambev, Schincariol e Petrópolis, dominam cerca de 80% do setor. Qual é a ambição da SAB Miller?

Nossa meta é atuar fortemente na fatia premium, em que as vendas crescem bem acima do mercado em geral. Acredito que a combinação de uma parceria sólida com marcas fortes, como as existentes em nosso portfólio, se constitui garantia de sucesso. 

 

Quais as semelhanças entre o Brasil e outro país no qual a empresa tenha ingressado recentemente?

Cada país é único. Mas o fato de o Brasil ser o terceiro maior consumidor de cervejas do mundo torna-o atrativo para qualquer empresa. Estamos bastante animados com nossa volta ao País. 

 

Recentemente, a holandesa Heineken adquiriu a mexicana Femsa e passou a operar diretamente no Brasil, agora em larga escala. No que esse movimento interferiu na estratégia da SAB Miller?

A competição é dura tanto na América Latina quanto nas demais regiões nas quais o produto é relevante. As três maiores cervejarias do mundo detêm uma fatia de 50% das vendas globais e já estamos acostumados a competir com  essas empresas. 

 

O sr. dispõe de alguma carta na manga para conquistar o paladar dos brasileiros?

Vamos nos apresentar ao consumidor como uma empresa que oferece produtos de qualidade. O crescimento da economia, aliado à maior distribuição de renda, está fazendo com que cada vez mais pessoas experimentem produtos novos e de melhor qualidade. E tenho certeza de que SAB Miller tem o que oferecer a elas.

 

Quanto a companhia pretende investir no Brasil?

Nós não revelamos as cifras envolvidas. Contudo, posso lhe dizer que será a quantia apropriada para estabelecer uma operação consistente de cervejas premium no Brasil.