21/06/2013 - 18:00
Nos últimos anos, empresas do mundo inteiro voltaram sua atenção para a economia brasileira, em busca de oportunidades de negócios. As obras de infraestrutura, as descobertas de petróleo e agronegócio foram algumas das áreas cobiçadas pelas multinacionais. Uma delas é a americana Eaton Corporation, uma gigante que prevê faturar US$ 22 bilhões neste ano. Em entrevista à DINHEIRO, o CEO global, Alexander Cutler, afirma que a Eaton, embora esteja no País desde os anos 1950, vive o melhor ciclo de oportunidades.
Onde estão as oportunidades da economia brasileira?
Nós enxergamos diversas opções no Brasil, mesmo diante da recente queda na confiança internacional e da previsão de baixo crescimento. Existem, a meu ver, três grandes fontes de bons negócios aqui: a agricultura, o setor elétrico e o mercado de óleo e gás. Evidentemente, para transformar oportunidade em algo concreto, é necessário melhorar o ambiente aos investimentos.
O País é muito dependente desses poucos setores?
É importante destacar que essas atividades, quando vão bem, impulsionam outros setores da economia. Um exemplo disso é a indústria automobilística, que conseguiu bons resultados com a venda de caminhões, tratores e utilitários graças à safra recorde.
E as outras atividades da economia?
Existem muitas áreas que estão bem. O setor de infraestrutura também nos faz enxergar muitas oportunidades. A construção civil no País vive o melhor momento da história. Isso sem mencionar o setor elétrico.
Os horizontes do setor elétrico não parecem tão animadores.
O custo da energia no Brasil ainda é muito elevado, apesar da recente redução. Quanto mais barata a energia ficar, mais haverá consumo. Quando mais consumo, maior será o investimento.
A falta de mão de obra é um desafio?
Sim, mas o Brasil tem uma população jovem. Isso o torna particularmente interessante. Novos profissionais entram no mercado de trabalho a cada ano, cheios de novas ideias e vontade de inovar.
Por que o Brasil cresce menos do que a América Latina?
Não há dúvida de que o Brasil é o gigante da América Latina. São raras as empresas americanas, europeias e asiáticas que desembarcam no continente sem se instalar e fazer negócios no País. Mas não podemos ignorar o potencial de crescimento de outras economias da região. São mercados muito mais compactos, mas que se tornam relevantes quando os analisamos em conjunto.
O Brasil não pode crescer mais?
O Brasil está crescendo mais lentamente do que nos anos anteriores, mas não quer dizer que esteja andando para trás. Se o PIB avançar entre 2,5% e 3%, é muito melhor do que a estagnação. Eu acredito que esse crescimento lento será por um período muito curto.
O mercado brasileiro é comparável a alguma outra economia?
Não gosto de comparar as economias porque cada uma delas possui características distintas. Assim como não acho correto colocar na mesma cesta países como China e Índia. Quando me perguntam onde prefiro investir, eu digo: em todos.
A indústria brasileira ainda não está em condições de concorrer com a maioria dos países. Qual é a solução?
A resposta está na redução do custo da indústria. As novas tecnologias estão ajudando os países da América Latina, especialmente o Brasil, a reduzir seus custos de produção. Esse é um ponto crucial para o futuro da indústria no continente. Se não aprender a produzir mais com menos, não conseguirá competir.
Para reduzir custos, o melhor é produzir localmente ou importar?
Quem quer ser competitivo precisa produzir no Brasil. Temos sete fábricas no País e, recentemente, investimos US$ 11,8 bilhões na compra da Cooper, do setor de componentes elétricos. Na área de energia, estamos fechando parcerias com empresas que estão explorando petróleo, gás e outras fontes de energia, como o etanol.